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Com mesas separadas, Itália planeja reabrir bares e restaurantes

Após dois meses de fechamento por causa da epidemia de coronavírus, os bares, restaurantes, lojas e salões de beleza da Itália poderão reabrir as portas a partir de 18 de maio, com novas regras de funcionamento.

Com base nas indicações do Ministério da Saúde, as diretrizes do governo para a reabertura do comércio estabelecem normas comuns para evitar a disseminação do coronavírus, mas cada região poderá adotar medidas ainda mais restritivas, com base no monitoramento da curva de contágios. Para os empresários, ainda há muitas dúvidas sobre como isso vai funcionar.

Além do uso de dispositivos de segurança como máscaras e luvas por parte de clientes e trabalhadores e do distanciamento de um metro entre as pessoas em fila, o protocolo do governo impõe aos donos dos estabelecimentos comerciais a disponibilização de álcool em gel para o público, a limpeza diária dos locais públicos e a facilitação de pagamentos com cartões com sistema contactless.

“Estamos aguardando as indicações precisas da Região Lombardia”, diz em entrevista à BBC News Brasil, Mario Chene, proprietário há 18 anos da churrascaria Berimbau, em Milão, uma das cidades mais castigadas pela epidemia.

De acordo com as novas regras, o cálculo para a determinação da capacidade de público de bares e restaurantes passará de 1,2 metro a 4 metros por cliente. O espaço mínimo entre as mesas deve ser de 2 metros, ou 1,5 m se o restaurante adotar separadores em acrílico.

“Por enquanto sabemos apenas a distância obrigatória entre as mesas, mas não quantas pessoas podem sentar numa mesma mesa. Por exemplo, dois casais de amigos podem jantar juntos?”, questiona.

O restaurante de comida brasileira, por exemplo, que antes da epidemia de coronavírus tinha capacidade para 90 pessoas, poderá reabrir atendendo menos da metade de seus fregueses em uma mesma noite.

Conforme estimativas da Confederação Nacional do Comércio italiana (Confcommercio), as novas medidas irão reduzir em 60% a capacidade de bares e restaurantes de todo o país, o que significa 4 milhões de lugares à mesa a menos.

Chene afirma ter dúvidas, inclusive, sobre os tipos de serviço que poderá oferecer aos consumidores. “O sistema de buffet, por exemplo, está proibido?”.

Além disso, os clientes serão obrigados a usar máscaras antes e depois das refeições. “A responsabilidade é minha se alguém levantar da mesa para ir ao banheiro sem colocar a máscara”, diz o proprietário.

Mas a principal preocupação do empresário é com a saúde dos empregados. “Se um funcionário contrair o coronavírus, poderá alegar doença de trabalho. E, se por desventura um empregado meu falecer por causa do Covid-19, posso inclusive ser responsabilizado criminalmente”.

“Durante os meses de fechamento, continuei pagando aluguel, mesmo sem poder trabalhar. Churrasco não dá pra ser delivery”, diz.

“A única ajuda prevista pelo governo é um auxílio econômico correspondente a 20% do faturamento realizado no mesmo período no ano passado”, conta.

Mesa para dois não existirá mais
Em Roma, Tiziana Castelani prepara-se para a reabertura de seu restaurante Capra e Cavoli. O local, que contava com 10 empregados antes da epidemia, irá reabrir com menos da metade dos clientes.

“As novas regras de quantas pessoas podem estar dentro e a distância mínima valem tanto para a parte interna quanto para a área externa do restaurante”, diz Castelani à BBC News Brasil.

“Se antes podíamos acolher 180 pessoas ao mesmo tempo, agora podereremos receber somente 50”, conta.

“A típica mesa para dois não existe mais. Mesmo que sejam um casal, devem se sentar separados”, diz ela, explicando a distância entre as cadeiras de uma mesma mesa.

Para aliviar parte do problema dos restaurantes da capital do país, a prefeita Virginia Raggi afirmou que pretende aumentar em 35% uso de calçadas por parte de bares e restaurantes. O objetivo da prefeitura de Roma é conseguir conceder as autorizações para o uso do solo público em, no máximo, 24 horas.

Ainda conforme o protocolo nacional, os cardápios tradicionais deverão ser eliminados dos bares e restaurantes. Os menus e a descrição dos pratos deverão ser escritos em lousas, em apps ou impressos em folhetos individuais. Também deve ser evitado o uso de saleiros, garrafas de azeite e outros recipientes que não sejam descartáveis.

“Além de escrevemos em lousas, vamos imprimir o cardápio nas toalhas de papel”, diz Tiziana.

Nos bares, os clientes deverão manter um metro de distância um dos outros, inclusive para tomar café ao balcão. O uso de máscaras é obrigatório antes e depois do consumo.

Em toda a Itália, o setor de bares e restaurantes conta com quase 340 mil estabelecimentos e cerca de 1,2 mil trabalhadores.

Conversa pelo espelho
As novidades para os cerca de 140 mil salões de beleza e centros estéticos do país incluem um aumento no horário de funcionamento, podendo abrir inclusive aos domingos e segundas-feiras.

A reserva antecipada será obrigatória para informar aos profissionais do setor o tipo de serviço ou tratamento solicitado. Os funcionários deverão medir a temperatura dos clientes antes da entrada no local e disponibilizar um um kit com avental e um saco descartável para guardar os objetos pessoais.

As cadeiras do cabelereiros deverão estar a pelo menos dois metros de distância uma das outras.

Jornais, revistas e outros objetos que podem passar de mão em mão devem ser eliminados do salão.

Os cabeliereiros são convidados a “privilegiar a conversa com através do espelho e a realizar os procedimentos permanecendo atrás do cliente sempre que possível”.

Um cliente de cada vez
As lojas de roupas com menos de 25 metros quadrados poderão receber um cliente por vez.

O proprietário deverá garantir um sistema de entrada e saída, a fim de que os clientes não se encontrem na porta.

Para poderem manter os serviços de provador, as roupas não precisarão ser sanitizadas, mas os clientes deverão experimentar as roupas usando máscara e luvas.

Outras atividades
A previsão é de que centros esportivos e academias de ginástica voltem a funcionar no dia 25 de maio, enquanto as demais atividades consideradas de alto risco como escolas, universidades, cinemas, teatros e casas de show continuam, até o momento, sem data para a reabertura.

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Fonte: r7.com
Foto: Erika Zidko

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