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Putin defende invasão à Ucrânia como ‘prevenção’ e fala em ‘ameaça’ da Otan

Em discurso do Dia da Vitória, o presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que a invasão que ordenou ao território ucraniano foi um ataque preventivo contra a “agressão”, em referência à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). “Os países da Otan não queriam nos ouvir. Isso significa que, na realidade, eles tinham planos bem diferentes.” As falas do presidente russo foram rebatidas pela Ucrânia.

Segundo Putin, com a possibilidade de ingresso da Ucrânia na Otan, havia “uma ameaça inaceitável para nós bem em nossas fronteiras”. Para o presidente russo, invadir a Ucrânia foi uma ação de defesa de terras russas, em referência também à Crimeia, área ucraniana que foi anexada pela Rússia em 2014.

“Vimos como a infraestrutura militar estava se desenvolvendo”, disse, citando “entregas regulares das armas mais modernas dos países da Otan”. Para Putin, “o perigo crescia a cada dia”, reforçando acreditar que a invasão foi uma decisão certa, “oportuna e única”. “A decisão de um país soberano, forte e independente.”

Hoje, a Rússia comemora os 77 anos da vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Um desfile militar foi realizado em Moscou, onde Putin discursou, e também em outras cidades russas. De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, cerca de 11 mil militares participaram do desfile na capital do país.

Nos cerca de 11 minutos de discurso, não houve declaração oficial de guerra à Ucrânia nem anúncio de intensificação da “operação militar” —termo russo para a invasão à Ucrânia—, como o governo ucraniano e países aliados projetavam nas últimas semanas. Na semana passada, a Rússia já havia negado que faria isso.

Em seu pronunciamento, Putin também disse que é necessário fazer todo o possível para evitar a repetição “do horror de uma nova guerra mundial”.

Dois meses e meio depois do início do conflito, os combates se concentram no leste do país. A Rússia se viu obrigada a reduzir suas ambições de tomar rapidamente o país e a capital, Kiev, diante da forte resistência das tropas ucranianas, armadas pelos países ocidentais.

Soldados
A guerra russa na Ucrânia chegou hoje ao 75º dia. No discurso, Putin fez referência a seus soldados que morreram no conflito, indicando que o governo dará assistência às famílias. Também foi respeitado um minuto de silêncio em memória deles. “A morte de cada um dos nossos soldados e oficiais é nosso luto compartilhado e uma perda irreparável para seus amigos e familiares.”

O Ministério da Defesa russo afirma que 1.351 militares morreram, mas, segundo a imprensa russa, ao menos 2.099 foram declarados mortos ou desaparecidos. A Ucrânia fala em 25.650 baixas do lado russo, 150 apenas entre ontem e hoje. Os números não puderam ser verificados com fontes independentes.

Soldados que participaram da guerra russa na Ucrânia também estiveram em Moscou acompanhando o desfile militar. “Hoje você está defendendo algo pelo qual que nossos pais, avós, bisavós lutaram. Para eles, o bem-estar e a segurança da pátria sempre foram o sentido mais elevado da vida. E para nós, seus herdeiros, devoção à pátria é o valor principal, um suporte confiável para a independência da Rússia”, disse Putin.

O presidente russo ainda comentou: “vocês estão lutando pela pátria, por seu futuro, para que ninguém esqueça as lições da Segunda Guerra Mundial.”

Ocidente
De acordo com Putin, a Rússia “sempre defendeu a criação de um sistema de segurança igual e indivisível, um sistema que é vital para toda a comunidade mundial”. “Em dezembro passado, propusemos concluir um acordo de garantia de segurança. A Rússia exortou o Ocidente a ter um diálogo honesto, encontrar soluções de compromisso razoáveis, levar em conta os interesses uns dos outros. Tudo em vão! Os países da Otan não quiseram nos ouvir.”

Para ele, essa “ameaça absolutamente inaceitável”, em razão da aproximação entre Otan e Ucrânia, mostrou que um conflito seria “inevitável”, com a Rússia “forçada” a dar uma “rejeição preventiva à agressão”.

A fala de Putin gerou reação na Ucrânia. Conselheiro da Presidência da Ucrânia, Mykhailo Podolyak disse que “os países da Otan não iriam atacar a Rússia”. “A Ucrânia não planejava atacar a Crimeia. Os militares russos estão morrendo, não defendendo seu país, mas tentando ocupar outro. Não havia razões racionais para esta guerra, exceto pelas dolorosas ambições imperiais da Federação Russa.”

“Outra vitória”
A Ucrânia não permitirá que a Rússia “se aproprie da vitória sobre o nazismo”, declarou hoje o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Hoje celebramos o dia da vitória sobre o nazismo. Estamos orgulhosos de nossos ancestrais que, ao lado de outras nações da coalizão anti-Hitler, derrotaram o nazismo. E não permitiremos que ninguém anexe esta vitória. Não permitiremos que seja apropriada”, disse em um vídeo em que aparece caminhando por uma avenida do centro de Kiev.

Zelensky citou várias cidades do leste e sul da Ucrânia atualmente sob controle das forças invasoras russas e afirmou que os ucranianos, durante a Segunda Guerra Mundial, expulsaram as forças da Alemanha nazista destas regiões. “No dia da vitória sobre os nazistas, nós estamos lutando por outra vitória. O caminho para esta vitória é longo, mas não temos dúvidas sobre nossa vitória”.

Fonte: Folhapress

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