O presidente da Argentina, Javier Milei, expôs a relação protocolar que mantém com a vice-presidente do país, Victoria Villarruel, a quem acusou de estar próxima do “círculo vermelho”, uma referência à esquerda.
Em entrevista ao jornal argentino La Nación, Milei afirmou que a vice “não tem nenhum tipo de ingerência” no governo, que não participa das reuniões e que só conversa com ela o que é estritamente necessário “para cumprir” com as atribuições para as quais foram eleitos.
“[Victoria Villarruel] Não tem nenhum tipo de ingerência na tomada de decisões. Não participa das reuniões de gabinete. Decidiu não participar […]. [Conversamos] sobre o que é preciso para cumprir com nossos papeis. Muitas coisas que nós fazemos… ela está muito mais próxima do círculo vermelho [esquerda] e da ala política que chamamos de ‘casta’”, disparou.
Ataques à imprensa e afago em Musk
Milei também partiu para o ataque contra a imprensa, a quem acusou de orquestrar “a campanha mais suja da história” contra ele próprio ao mirarem sua família e a intimidade dele. O argentino disse que seus parentes foram “maltratados” pelos veículos de comunicação e comemorou o surgimento das redes sociais para acabar com “o monopólio do microfone”.
“Quem se sente abordado, o problema é dele. Mas grande parte dos jornalistas gosta de boxe de alta violência. E, pelo contrário, nos querem amarrados pelos pés e mãos. As pessoas foram duramente atingidas. Hoje esse rival se fortalece ao ser brutalmente espancado. A plataforma de Elon Musk deu voz a quem não a tinha. As redes sociais formaram pessoas mais resilientes. Os jornalistas detinham o monopólio da opinião e aproveitaram-se disso para se sujarem. Hoje o sistema está plano”, afirmou Milei ao jornal argentino.
O político conservador disse ainda que “os jornalistas mais sujos odeiam o Twitter”. “Quando mentem, são automaticamente expostos. Os arquivos são instantâneos. Antes você tinha que calar a boca. Agora você pode retornar. Há até jornalistas que opinam sobre a economia e são rudes. E hoje tenho a possibilidade e sou obrigado a responder a eles”, encerrou.
Pobreza e economia
Milei também tratou sobre os índices de pobreza, que atinge mais da metade da população ou cerca de 16 milhões de pessoas. Para o argentino, essa responsabilidade é do governo anterior, que “emitiu dinheiro para pagar um déficit equivalente a 13 pontos do PIB”.
“Foi um desastre. Para mim é crime, mas não é classificado como tal. Emitir dinheiro deveria ser considerado crime porque é falsificação. Mas essa é uma discussão em outro nível”, afirmou.
Depois, avisou que faltavam produtos nos supermercados. “Você tinha os pesos, e falaram que você podia comprar a cesta básica, mas você ia ao supermercado e a grande maioria dos produtos não estava lá. Havia um indicador de pobreza que já tinha problemas porque havia um atraso e os produtos simplesmente não existiam. A esses preços, não há produtos”.