O MP (Ministério Público) de Alagoas deflagrou uma operação hoje para tentar pôr fim a uma organização criminosa que fraudava licitações públicas e chegou a movimentar R$ 243 milhões.
Um detalhe que chamou a atenção dos promotores é que o grupo comprou um Porsche vermelho, modelo Carrera 911 e ano 2021, do ex-jogador condenado por estupro Daniel Alves. O veículo, avaliado em R$ 828 mil, foi apreendido em Petrolina (PE), onde mora o suposto líder do grupo.
Segundo o MP-AL, o carro foi comprado e recebido pelo suspeito de ser líder da organização, mas ainda está no nome do jogador e não transferido para posse oficial da quadrilha.
A Operação Maligno cumpriu cinco mandados de prisão em Maceió, Japaratinga (AL) e Petrolina (PE), e oito de busca e apreensão. A quadrilha, segundo o MP, “vendia” serviços a gestores públicos, como funcionários fantasmas e praticava “rachadinha”, dentre outros que seguem sendo apurados.
A quadrilha é acusada de crimes de peculato, fraude em licitações e contratos, falsidade ideológica, desvio e lavagem de dinheiro público.
Segundo as investigações, que duraram 14 meses, o grupo usava uma pseudocooperativa de prestação de serviços, com sede em Maceió, para firmar contratos com 20 municípios alagoanos.
Entre outubro de 2020 e março de 2023, o grupo movimentou R$ 243 milhões, sendo R$ 46 milhões consideradas “movimentações atípicas” entre as contas pessoais dos suspeitos ou por indicadas pelas empresas especificamente para a lavagem de dinheiro público.
Após o pedido do MP, a 17ª Vara Criminal da Capital (especial para combate às organizações criminosas em Alagoas) determinou a suspensão imediata da execução de todos os contratos e o bloqueio e sequestros de bens dos denunciados no valor de R$ 46 milhões. Entre os bens sequestrados está um hotel fazenda na cidade de Sento Sé (BA).
“A principal empresa alvo da operação é de propriedade do casal apontado como líder da organização criminosa, cuja cooperativa de fachada oferecia, dentre outras coisas, serviços típicos e obrigatórios da administração pública, como coleta de resíduos sólidos, limpeza de ruas, praças e avenidas, e profissionais para trabalharem como coveiro, motorista, vigia, gari, merendeira, veterinária, diretora escolar, médico veterinário, chefe de gabinete, assessor institucional, repórter e, até mesmo, fiscal de tributos.” – Nota do MP-AL
A operação contou com o apoio operacional de policiais militares dos Batalhões de Trânsito, Rodoviário e Ambiental de Alagoas, e das polícias Militar e Civil de Pernambuco.