Em uma noite de grande atividade militar na Guerra da Ucrânia, Kiev promoveu um mega-ataque com mísseis contra a Crimeia e disse ter afundado dois navios russos neste domingo (24) em Sebastopol, a sede da abalada Frota do Mar Negro de Vladimir Putin.
Já Moscou lançou pela terceira noite seguida um grande bombardeio aéreo, desta vez colocando a Polônia em alerta quando um de seus mísseis violou o espaço aéreo do país.
A rápida escalada ocorre uma semana após Putin se reeleger pela quinta vez na Rússia e prometer vingança pelos ataques dos ucranianos à região de Belgorodo, no sul do país que invadiu o vizinho em 2022 —neste domingo, foram ao menos 22 mísseis lançados contra a capital regional homônima, todos abatidos segundo Moscou.
Além disso, Kiev passou a lançar drones contra refinarias. As ações geraram apreensão por parte de seus aliados ocidentais, que temem não só o recrudescimento da guerra como impactos no preço do barril de petróleo. Ainda assim, uma usina foi atingida sem muito impacto no sábado em Samara (centro russo).
Coroando o processo, houve o ataque terrorista que matou ao menos 137 pessoas em uma casa de shows de Moscou na sexta (22), que foi assumido pelo grupo Estado Islâmico, mas que o presidente russo tratou de ligar à Ucrânia ao dizer que os agressores tadjiques presos estavam prestes a ser recebidos na fronteira do país vizinho.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, rejeitou a acusação e disse que o rival está querendo disfarçar o fracasso em proteger a população de sua capital. Neste domingo, dia oficial de luto pela tragédia, cerimônias ocorreram em toda a Rússia.
Já era possível inferir a magnitude do ataque ucraniano à Crimeia —península que Putin anexou em 2014 após o governo pró-Rússia no vizinho ser derrubado, em um dos primeiros movimentos que levaram à guerra atual— na noite de sábado (23).
Imagens gravadas por moradores mostravam grandes explosões, e o governo local afirmou ter abatido ao menos dez mísseis sobre Sebastopol, o porto que é a principal cidade da península e um ente autônomo da Federação Russa, sendo base de sua frota desde 1783 —quando ficou na Ucrânia independente da União Soviética em 1991, um acordo permitiu que Moscou alugasse as instalações militares.
Mas foi na manhã deste domingo que o estrago ficou evidente. Segundo as Forças Armadas da Ucrânia, dois grandes navios de transporte, o Azov e o Iamal, foram afundados. Ambos são da classe Ropucha, com 112 metros e grande valor tático —um outro desses havia sido destruído em fevereiro.
Fonte: Folhapress