A Polícia Federal (PF) afirmou neste domingo (24) que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) foi idealizado pelos irmãos Brazão e “meticulosamente” planejado pelo ex-titular da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa.
A PF considera que os irmãos Brazão e o delegado de polícia foram os autores do crime, que também matou o motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018 na região central do Rio. Para os investigadores, os irmãos foram os mandantes, e o policial participou do planejamento do assassinato, além de interferir nas investigações.
“Apesar de não ter idealizado [o crime], ele [Rivaldo] foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato”, diz o documento da PF. O deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil), o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e o delegado Rivaldo foram presos hoje após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Foi Rivaldo quem garantiu a impunidade do crime, segundo Ronnie Lessa, que executou os tiros contra a vereadora e o motorista Anderson Gomes. As declarações de Lessa foram feitas em delação premiada à PF —na ocasião, ele também citou Chiquinho como mentor do caso.
O delegado exigiu que os disparos não poderiam acontecer na entrada ou na saída de Marielle da Câmara dos Vereadores, no centro do Rio. “Tal exigência afastaria a hipótese de crime político e, por consequência, a atribuição da Polícia Federal para investigar o caso”, afirma a PF.
“Ronnie Lessa justifica que a carta branca outorgada por Rivaldo aos irmãos Brazão é uma forma mais segura de se cometer homicídios na capital fluminense, tendo em vista que o ajuste prévio tem o condão de evitar um “bote”, ou seja, extorsão decorrente de investigadores em face dos homicidas para que seus crimes não sejam devidamente investigados”, destaca a PF
“É muito melhor o pré-pago que acertar antes o crime, né? Você acerta antes o crime do que esperar um bote, foram os termos dele [Domingos Brazão]. É melhor pré-pago do que disputar um bote, porque o bote sai mais caro”, disse Lessa à PF.
Lessa afirmou em delação que foi procurado inicialmente por Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, para matar a vereadora. Em contrapartida, eles “ganhariam um loteamento a ser levantado nas imediações da rua Comandante Luís Souto, Tanque, no Rio de Janeiro”, cita a PF.
Lessa relata reuniões com irmãos Brazão
Segundo a PF, o ex-PM aceitou a proposta ao ver uma “boa oportunidade de negócio e se desgarrar da imagem de ser um mero sicário [matador de aluguel]”. Ele e Macalé se encontraram na sequência com o assessor pessoal de Domingos, Robson Calixto Fonseca —conhecido como Peixe ou Peixão, de acordo com a delação.
Fonte: Folhapress