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quarta-feira, novembro 27, 2024
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Só a poesia nos salva (II)

Deixemos de prosa por hoje e mergulhemos com Climério Ferreira na poesia. Chamei um amigo e grande poeta pedro-segundense, Pedro Barros, para nos fazer companhia desta vez.

 

MEU CANTO
(Climério Ferreira)

Apresento-vos meu canto
É nele que afino o vento dos meus sonhos
Que sopram do meu pensamento
Quando busca o ritmo da chuva
Busquei cantando o meu caminho
No chão fértil da minha terra
E tudo estava claro e franco
No riso dos meus conterrâneos
Apresento-vos meu canto
Faça dele música para os seus ouvidos
E goste de ouvi-lo às margens da mata
Que abriga os passarinhos

 

E NOVA AÇÃO
(Pedro Barros)

Hoje eu resolvi mudar…
Não somente a embalagem,
Mas também o produto interno bruto.
Cansei de ser matéria-prima
Para as obras-primas dos outros.
Não quero mais ser outdoor
Das marcas que não representam nada.
Cansei de alimentar estereótipos,
Passar fome para agradar aos olhos
Sedentos do padrão escultural.
Alimento a existência em mim
Não somente com carne e pão.
Faço parte da natureza e ela também me consome.
Não posso me dar ao luxo de morrer apenas.
Tenho que consumir todos os tipos de artes,
Não posso morrer de fome, na miséria do trivial.
Não posso passar mal, onde há tanta abundância.
O progresso está matando o povo de fome,
Pois nunca chega onde se precisa dele.
Tenho, graças a Deus, carne e pão,
Mas contenta-me um solo de violão
De sobremesa.
E quem não tem nada disso!
Nem carne;
Nem solo;
Nem pão.
Nem arte sabe que existe,
Porque o progresso perverso não permite
Um naco de arte na boca de quem passa e não vê
Que é apenas um personagem figurando a cena
E a poesia contida no poema não faz sentido
Para quem não sabe ler.

 

O CAPITÃO DO MÓDULO DE COMANDO (*)

(Ernâni Getirana)

Foste aquele que ficou suspenso
Entre a Terra e a Lua
Qual anjo proscrito
Enquanto os outros dois
Brincavam de apanhar rochas selenes
Tu não atiraste nenhuma pedra.
Dos três, foste o que
Não tocou a musa,
Que não a beijou nos lábios.
Ficaste dando voltas,
Testando a gravidade de Newton.
O primeiro, destemido cavalheiro
O segundo, desbravador de mundos
E então tu, o terceiro guerreiro, guerreiro de uma guerra inaudita
Com tua morte, Collins, empreendes
A verdadeira jornada: do nada ao nada. Que a tua memória nos baste.

(*)para Michael Collins, piloto do módulo de comando da Apolo XI, falecido aos 90 anos, neste 28 de abril de 2021, uma quarta-feira, no mesmo dia em que tomei vacina contra a COVID 19.

ERNÂNI GETIRANA (@getirana) é professor, poeta e escritor. Escreve para esta coluna às quintas-feiras.

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