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Nego Bispo, ativista quilombola piauiense, morre aos 63 anos

O escritor, pensador, professor, ativista social quilombola piauiense Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, morreu neste domingo (3) aos 63 anos. Ele desmaiou em uma área de lazer na comunidade quilombola Saco Cortume, em São João do Piauí, foi levado ao hospital regional do município, mas não resistiu e faleceu. A morte foi causada por uma convulsão seguida por parada cardíaca.

 

De acordo com amigos da Comunidade Quilombola Saco Curtume, Nego Bispo enfrentava diabetes e, há alguns dias, estava com a saúde debilitada.

Nêgo Bispo é reconhecido como um dos principais pensadores do tema comunidades tradicionais do Brasil, autor de livros, artigos e textos que refletem sobre a resistência negra quilombola, a relação do humano com a natureza, a sabedoria dos povos tradicionais, a defesa do direito à terra pelas comunidades tradicionais, dentre outros.

Nego Bispo
Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo, nasceu em 10 de dezembro de 1959 no então povoado Papagaio, atualmente município de Francinópolis. Lavrador, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Francinópolis e diretor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Estado do Piauí (Fetag).

Nêgo Bispo contava que fez parte da primeira geração da família a ter acesso à alfabetização, e que foi incentivado a ir para a escola por conta da necessidade de que alguém pudesse escrever cartas e zelar pela contabilidade da comunidade. Foi quando começou a ter gosto pela escrita poética.

Tinha o ensino fundamental completo, tornou-se uma referência como pensador na defesa dos direitos das comunidades quilombolas, no acesso à terra, na relação do humano com a natureza, dentre outros.

Estava como membro da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (CONAQ)

Escreveu os livros “Quilombo, Modos e Significados” e “Colonização Quilombos: Modos e Significados”, além de vários outros artigos, também dirigiu o filme-documentário “O Jucá da Volta”, em parceria com o IPHAN.

Nota de pesar da ministra Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, usou sua rede social e lamentou a morte de Bispo.

“Eu vou falar de nós ganhando, por que pra falar de nós perdendo eles já falam. Um dos maiores pensadores da nossa época ancestralizou. Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro. Um abraço a toda sua família e amigos”.


A Prefeitura de São João do Piauí emitiu nota de pesar pelo falecimento do ativista quilombola Nego Bispo.


Da Redação


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