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Milei ou Massa: Polarizada, Argentina elege novo presidente neste domingo

Os argentinos escolherão neste domingo o novo presidente no segundo turno de eleição. Competem os candidatos Javier Milei e Sergio Massa.

O que acontece

Cerca de 35 milhões de argentinos estão convocados às urnas, em um país polarizado e assolado por uma das piores crises econômicas de sua história. De um lado está o ultraliberal Milei (A Liberdade Avança), que atrai o voto de protesto. De outro Massa (União pela Pátria), o peronista de centro-esquerda, que tenta pela segunda vez a escalada à Casa Rosada.

Os indecisos são vistos como fiel da balança da eleição. No primeiro turno, em 22 de outubro, Massa, atual ministro da Economia, surpreendeu, e obteve 36,7% dos votos, contra 29,9% de Milei — mas 33,24% dos eleitores não votaram em nenhum dos dois candidatos.

Terceira colocada e eliminada da disputa, a conservadora Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança), recebeu 23,8% dos votos e, para o segundo turno, decidiu apoiar Milei. Diante de uma participação de 77% do eleitorado, registrou-se 21% de votos em branco, de acordo com levantamento do Focus Group da Universidade de Buenos Aires.

Massa nos últimos dias tentou convencer os indecisos com mensagens de apaziguamento. Prometeu superar as divisões políticas com um “governo de unidade” e apelou para o “voto útil” para salvaguardar o país — que completará 40 anos de democracia ininterrupta no dia em que o novo governo tomar posse, em 10 de dezembro.

Já Milei, à frente de uma formação que inclui negacionistas da ditadura, apostou na tensão. Ele encerrou sua campanha com megacomício para 50 mil pessoas, lançando acusações de “fraudes eleitorais” — a exemplo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil.

As pesquisas de intenção de voto indicam um disputa acirrada. A maioria mostra Milei alguns pontos percentuais à frente ou dois tecnicamente empatados.

Como funciona a eleição argentina

A votação começa às 8h e termina as 18h — o horário em Buenos Aires é o mesmo de Brasília.

Nos locais de votação, os eleitores deverão apresentar suas identidades e lá receberão um envelope vazio. Em um outro recinto, chamado ‘sala escura’, eles poderão pegar a cédula de votação do seu candidato, inseri-la no envelope e, depois, numa urna de votação.

O resultado não oficial deve sair na noite deste domingo, horas depois do fim da votação. A proclamação do novo ocupante da Casa Rosada, porém, pode ser adiada para os dias seguintes, aguardando a contagem oficial, que começará 48 horas após o fechamento das seções eleitorais.

Quem são os candidatos

Javier Milei, 52

Nas eleições gerais, realizadas em outubro, o economista venceu em 10 províncias. Seu melhor desempenho foi em San Luis, com 43,37% dos votos.

Nascido em Buenos Aires e formado em Economia pela Universidade de Belgrano, é considerado um outsider na política. — foi eleito deputado federal em 2021 e ficou conhecido por participações em talk shows. Ele se declara “anarcocapitalista”, corrente ultraliberal que defende privatizações e ausência do Estado.

Uma de suas propostas polêmicas é dolarizar a economia e abandonar o desvalorizado peso argentino. Propõe também facilitar a posse de armas de fogo para a população. Já chamou as mudanças climáticas de “farsas da esquerda” e considera a educação sexual como uma manobra para destruir a família.

Sergio Massa, 51

22.out.2023 – Ministro da Economia, Sergio Massa, cumprimenta apoiadores na sede de seu partido, em Buenos Aires Imagem: Emiliano Lasalvia/ AFP

Advogado formado pela Universidade de Belgrano, assumiu o Ministério da Economia em 2022, em um dos piores momentos da prolongada crise no país — hoje, os argentinos vivem atormentados por uma inflação de 142,7%, na leitura anual.

Nas eleições gerais, em outubro, foi o melhor votado em 13 províncias argentinas. Seu melhor desempenho foi em Santiago del Estero, com 65,50% dos votos.

Esteve à frente chefe de gabinete de Cristina Kirchner (atual vice-presidente) entre 2008 e 2009. Antes, em 2007, foi prefeito de Tigre, na província de Buenos Aires — onde o filho de imigrantes italianos cresceu, em San Martín.

Em 2013, criou o Frente Renovador (Frente Renovadora), um partido de centro como alternativa ao kirchnerismo. Apesar desse rompimento com Kirchner, hoje ele faz parte do governo de esquerda de Alberto Fernández.

Em 2015, chegou a ser candidato à presidência na Argentina, mas ficou em terceiro lugar nas eleições gerais. Em 2019, foi eleito deputado e assumiu como presidente da Câmara dos Deputados.

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