Mesmo se a Caixa Econômica Federal aceitar a proposta feita pelo Corinthians para quitar a dívida pela construção de seu estádio, o clube pode colocar em prática o plano de vender ações do fundo ligado à Neo Química Arena.
A direção corintiana avalia que um projeto não exclui o outro. A análise é de que se a quitação for feita com uma carteira de precatórios e a receita gerada pelos naming rights da arena, o dinheiro arrecadado com a eventual venda das ações pode ser usado para o pagamento de outras dívidas corintianas. É possível até usar uma parte para fazer investimentos.
Assim, os dois planos serão tocados para que uma decisão seja tomada depois de a Caixa responder sobre a proposta de quitação feita nesta sexta (17), como mostrou a coluna do jornalista Samir Carvalho no UOL.
Novo empréstimo
A proposta para zerar a dívida inclui a compra por parte do Corinthians de uma carteira de precatórios (documentos que indicam dívidas públicas para determinadas pessoas ou empresas que tiveram o crédito reconhecido pela Justiça).
O Alvinegro identificou papéis referentes a débitos que a Caixa precisa pagar. A ideia é comprá-los e usar para o pagamento do débito com o banco.
Para realizar a compra o clube provavelmente precisará fazer um novo empréstimo. Porém, nos cálculos dos dirigentes corintianos, ele seria muito menor do que a atual dívida com a Caixa. A eventual venda de ações da arena poderia ajudar no pagamento desse empréstimo.
Normalmente, a expectativa do credor é de que ele leve muitos anos para receber a quantia referente aos precatórios. Isso faz seu valor de mercado cair.
Ou seja, o Corinthians pagaria menos do que o valor de face dos papéis e os repassaria para a Caixa pelo montante integral, que é o que o banco pagaria aos credores.
A direção corintiana calcula que a dívida com a Caixa hoje é de cerca de R$ 700 milhões. Para atingir esse valor, o contrato com a Neo Química Arena pelos naming rights da casa corintiana seria repassado para a Caixa.
Isso não faz muita diferença, pois esse acordo comercial já é uma das garantias dadas pelo clube de pagamento da dívida.
A direção alvinegra não revela oficialmente quanto gastaria na compra dos precatórios. Os direitos sobre o nome da arena foram vendidos em 2020 por 20 anos por R$ 300 milhões. O pagamento inicial previsto era de R$ 15 milhões anuais, mas esse valor é corrigido.
Qual a vantagem para a Caixa?
Na visão dos dirigentes corintianos a proposta que envolve os precatórios seria vantajosa para o banco porque a instituição se livraria de dívidas que precisaria pagar um dia. Por outro lado, o banco “recuperaria” o dinheiro do contrato com o Corinthians. A Caixa chegou a acionar o clube na Justiça por falta de pagamento. Em nota oficial, o banco apontou que encaminhou internamente a proposta corintiana para avaliação.
Venda de ações
O outro projeto que segue sendo tocado prevê a venda de uma parte do fundo criado para viabilizar o recebimento do empréstimo feito pela Caixa junto ao BNDES de R$ 400 milhões para a construção da arena.
A Odebrecht, que compunha o fundo, entrou em acordo com o Corinthians e deixou a operação. A ideia da atual diretoria é vender até 49% das cotas para um investidor ou negociar as ações na bolsa de valores. A segunda possibilidade permitiria, por exemplo, torcedores terem participação no fundo vinculado à arena. Essa operação também depende de aprovação da Caixa.
O investidor ou os acionistas receberiam dividendos conforme o desempenho financeiro da arena. O clube colocaria em sua conta dinheiro para usar na quitação da dívida com a Caixa. Ou como preferir, se ela já estiver quitada. Publicamente, os dirigentes não fazem previsões sobre prazos para concluir as operações.
Por meio de seu departamento de comunicação, o Corinthians afirmou que não se manifestaria sobre o assunto. Nesta sexta, no entanto, o clube divulgou nota sobre o tema. Confira o comunicado assinado pelo presidente Duilio Monteiro Alves:
“O Sport Club Corinthians Paulista informa a todos os seus associados e torcedores que apresentou na manhã desta sexta-feira (17) uma proposta à Caixa Econômica Federal para a realização de um dos nossos objetivos mais desejados: a quitação do saldo devedor do contrato de financiamento para a construção da Neo Química Arena.
A proposta foi recebida pela Caixa e, agora, aguardaremos a obtenção dos documentos necessários à sua formalização. Informamos que, tão logo seja superada essa etapa, mais detalhes serão divulgados.”