Fundado em 1851, o município piauiense de Pedro II possui uma rica cultura e seu povo produz arte em várias modalidades: música, teatro, dança, pintura e desenho e, claro, literatura.
No tocante à literatura a presença feminina é uma constante, embora às vezes isso não fique notório talvez por falta de pesquisa que dê conta dessa produção. Nesse sentido, o objetivo desse pequeno texto não seria propriamente o de esgotar a questão em torno da participação feminina na literatura aqui produzida, mas sim o de fazer um breve apanhado sobre a participação dessas mulheres.
Ainda nos anos de 1850 já detectamos a presença feminina na literatura oral em torno das fazendas e povoados recém-criados no território. Sabe-se de mulheres que aprendiam de cor poemas de cordel e os diziam em eventos religiosos e sociais como festas juninas e reisados. Algumas dessas mulheres eram benzedeiras, parteiras ou carpideiras e por isso eram possuidoras do respeito das comunidades onde residiam.
Posteriormente, com a criação das primeiras escolas primárias e que tinham mulheres como professoras que durante as efemérides compunham poemas que eram recitados pelas crianças. Temos informação de que pelo menos algumas dessas professoras do passado guardaram cadernos com esses poemas e que estão em poder de suas famílias.
Outras professores bem depois, já no final dos anos 1970, início dos 1980, costumavam escrever poemas e mesmo pequenas canções que eram apresentados em eventos nas comunidades. Podemos citar as professoras Maria José Dumond, Josefa e Dourinha e Ivanilda Amaral dentre outras.
Professoras de uma geração bem anterior a essa, Ana Galvão, Maria Luiza Leite, Antonia Rosa Castro (livro publicado), Raimunda Carvalho e Sarah Mourão (livro publicado) se destacam.
Nos eventos da Associação de Universitários de Pedro II (AUP), final dos anos 1970 Maria Campelo, então, jovem poeta, tornou seus primeiros textos conhecidos. Atualmente com produção constante é uma referência da poesia piauiense. Possui livros publicados. Marina reside em Teresina, onde também mora Sérgia Antonia, Pedro-segundense de origem que lá reside desde a adolescência e cuja prosa e poesia são reconhecidamente respeitadas. No mesmo víeis, Lúcia Ana Melo, que acaba de lançar seu livro “Barro Vermelho, o sertão que me alimenta” (tema desta coluna na quinta passada). Ana já possui cerca de uns cinco livros e participações em coletâneas.
Outras mulheres que vêm escrevendo e publicando atualmente em Pedro II uma interessante literatura em verso e prosa: Eva Leite (com livros publicados), Fátima Uchôa (livros publicados), Nádia Lely, Marlene Rodrigues (livro no prelo), Lucimeire Leite, Socorro Almeida, Aldenira Martins (livro no prelo), Lousinha Viana, Dayse Benício (participação em coletâneas), Nena Barros (livro de poesia publicado) e Gerciane Lima, poeta madura apesar de jovem, com raízes em Pedro II.
Acreditamos, finalmente, que outras jovens que escrevem e vêm postando alguns desses textos em redes sociais já apontam para o fato de que uma literatura Pedro-segundense feita por mulheres tende a, quem sabe, se renovar ao mesmo tempo em que dialoga com quem vem logo atrás, a apontar para novos rumos.
Nesse sentido grupos como o Coletivo P2 e a APLA-Academia Pedro-segundense de Letras e Artes são imprescindíveis para o enriquecimento da literatura por aquelas bandas do Estado, ‘Terra da Opala’, ‘Terra do Festival de Inverno’.
PS. Neste 10 de novembro, sexta-feira a APL –Academia Piauiense de Letras (presidente Zózimo Tavares) e a APLA-Academia Pedro-segundense de Letras (presidente Pedro Barros) Artes realizam uma sessão conjunta alusiva ao trabalho itinerante que a primeira vem realizando em todo o estado de Torquato Neto. Mas isso fica para a próxima coluna.
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta, escritor. Pertence à APLA, ALVAL e IHGPI. Possui livros publicados, dentre eles “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve às quintas para esta coluna.