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Pedreiros encontram urna funerária indígena durante obra na zona rural de Miguel Alves, no Piauí

O artefato, uma vasilha de argila com tampa que guardava ossos e pedaços de ferramentas, como a ponta de um machado, é de origem Tupi e deve ser estudado pela UFPI, mas sem sair de Miguel Alves.

Pedreiros de Miguel Alves encontraram, por acaso, uma urna funerária indígena nessa segunda-feira (6), enterrada na comunidade Porto do Designo. A urna é de origem Tupi, mas não se sabe ainda a sua idade. O objeto deve ser estudado por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

 

Trata-se de uma gamela de argila com tampa, que guardava ossos e pedaços de ferramentas, como a ponta de um machado. Pelas imagens, é possível perceber que havia uma pintura no interior da peça, feita a base de óxido de ferro.

O objeto estava enterrado em uma profundidade de 1,10 metro e foi encontrado quando pedreiros cavavam para construir uma pilastra de uma casa. O ponto fica a 100 metros da margem do rio Parnaíba, na comunidade Porto do Designo, no município de Miguel Alves.
 

Representantes da Academia de História dos Municípios Oriundos de Campo Maior (AHMOCAMPI) e pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) estiveram no local ainda na tarde de terça (7).

Segundo o professor Ângelo Corrêa, doutor em arqueologia da UFPI, é uma vasilha reutilizada como urna funerária, de origem Tupi. Por enquanto não é possível especificar quantos anos ela tem, apenas que é pré-colonial (que, no Piauí, se refere ao período antes de 1760).

Segundo ele, há cinco sítios arqueológicos Tupi em Teresina, mas esta foi a primeira vez que peças inteiras foram encontradas na região.

Pedreiros encontram urna funerária indígena de origem Tupi durante obra na zona rural de Miguel Alves, no Piauí — Foto: Reprodução

“Para a região, a ocupação Tupi é um fato inédito. Até 2017, nenhum vestígio dessa população tinha sido encontrado, e os estudos vêm demostrando uma influência amazônica. Na verdade, parece que são povos Tupi da Amazônia que vieram para essa região. Essas peças inteiras encontradas de Miguel Alves serão importantes para reforçar essa origem”, comentou o professor.

O artefato agora deve ser limpo e estudado. “A ideia é firmar uma parceria entre prefeitura e universidade para fazer a análise sem que os artefatos saiam do Miguel Alves”, disse o professor Ângelo.

Tesouro encontrado por acaso

A urna foi encontrada por pedreiros que faziam novas pilastras para a ampliação da casa do senhor Antônio Pereira. Quando cavavam, atingiram a urna com as pás e picaretas. A tampa da urna quebrou-se.

Sem saber do que se tratava, eles descartaram parte do que ela guardava. Apenas após reconhecer que eram ossos, eles perceberam a importância do achado e buscaram retirar a gamela com cuidado para preservá-la.

“Essa urna vai acrescentar muito à história do município de Miguel Alves e ao Piauí, Maranhão, o Brasil inteiro. Eu não tenho conhecimento de outra urna encontrada com esse estado de preservação“, comentou o professor José Pereira, que também acompanhou a escavação.

Pedreiros encontram urna funerária indígena de origem Tupi durante obra na zona rural de Miguel Alves, no Piauí — Foto: Reprodução

O terreno da casa tornou-se então um sítio arqueológico, que será registrado. Os pesquisadores acreditam que possam haver outras urnas funerárias na região. O dono do terreno, o senhor Antônio Pereira, acompanhava o trabalho dos pedreiros no momento da descoberta.

“Eu fique muito alegre. […] Antes do menino topar com esse material, a gente estava falando de ouro de antigamente, que o pessoal falava que encontrava, né? Quando ele bateu ali eu fiquei alegre, ‘o ouro tá dentro!'”, contou sorrindo o senhor Antônio.

Descobertas arqueológicas no Piauí:

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O contador e escritor Frederico Rebelo, membro da Academia de História dos Municípios Oriundos de Campo Maior (AHMOCAMPI), acompanhou o achado e orientou as pessoas sobre a preservação do material.

“A comunidade Centro do Designo é notadamente um lugar que tem muita história. Pertenceu a família Castelo Branco e temos registros históricos da região ainda do século XVIII”, comentou Frederico Rebelo.

 

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