A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (31), o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa. Ele era o alvo de criminosos que executaram o médico Perseu Ribeiro de Almeida, segundo a polícia, por engano. A informação foi confirmada pelo secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Cappelli.
O que aconteceu:
Taillon e outros três homens foram presos na Barra da Tijuca. A Polícia Federal não divulgou o motivo da prisão.
O miliciano é filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos chefes de uma milícia que atua na zona oeste da cidade do Rio. Perseu e Taillon tinham fisionomia similar.
Ricardo Capelli parabenizou a PF pela prisão, em uma publicação nas redes sociais. “Investigação conduzida com inteligência e planejamento, nenhum tiro, nenhum efeito colateral”, escreveu.
Líder de milícia. Foi condenado a 8 anos e 4 meses. Com 2 anos e 3 meses já estava em casa. O médico foi confundido com ele. Parabéns à @policiafederal . Investigação conduzida com inteligência e planejamento, nenhum tiro, nenhum efeito colateral. https://t.co/ZusRXXquNi
— Ricardo Cappelli (@RicardoCappelli) October 31, 2023
Taillon ficou detido até março deste ano, quando foi colocado em prisão domiciliar. Ele conseguiu liberdade condicional em setembro. O miliciano havia sido condenado a 8 anos e 4 meses de prisão.
Além de Perseu, foram mortos os também médicos Marcos de Andrade Corsato e Diego Ralf de Souza Bomfim, que estavam no quiosque no momento do crime, no dia 5 de outubro. Diego é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Relembre o caso
Os médicos foram atacados enquanto confraternizavam em um quiosque. Eles estavam hospedados no Windsor Barra Hotel, onde estava previsto para começar um congresso internacional de ortopedia, do qual eles participariam.
Três homens vestidos de preto chegaram de carro ao quiosque por volta da 1h. Eles estacionaram o veículo do outro lado da rua, desceram do automóvel e efetuaram os disparos. Enquanto os frequentadores do quiosque corriam, os assassinos voltaram para o carro e fugiram, em uma ação que durou menos de um minuto.
O único sobrevivente do ataque foi o médico Daniel Sonnewend Proença. Ele foi transferido para um hospital particular em São Paulo no dia 9 de outubro e vai continuar o tratamento para reabilitação, disse a unidade de saúde em nota. Antes da transferência, Daniel ficou internado no Hospital Samaritano, na zona oeste do Rio.
Em menos de 24 horas após o crime, a polícia encontrou os corpos dos quatro suspeitos de participação nos assassinatos dos profissionais da saúde. Um dos mortos era Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk.
Áudio antes do crime
Momentos antes do assassinato de três médicos, na orla da Barra da Tijuca, a Polícia Civil do Rio interceptou conversa telefônica que os investigadores consideraram um indício de que as vítimas foram mortas por engano.
Na ligação, interceptada com autorização judicial durante investigação que já estava em andamento sobre milicianos que atuam na zona oeste do Rio, um homem diz a outro que “acho que é posto 2” e recebe uma resposta que é inaudível. A voz seria de Juan Breno Malta, conhecido como BMW e principal auxiliar do Philip Motta, o Lesk, ambos, segundo a polícia, ligados à milícia e ao tráfico. Lesk teria rompido com milicianos para aderir à facção criminosa Comando Vermelho.
Segundo a polícia, BMW havia recebido a informação de que o miliciano Taillon Alcântara Pereira Barbosa estava no quiosque da Naná e tentou explicar o local para um comparsa incumbido de matá-lo. O quiosque da Naná, no entanto, fica entre os postos 3 e 4 da orla da Barra da Tijuca.
Outro indício de que o crime tem relação com a quadrilha de Lesk é que o carro usado no crime, um Fiat Pulse branco, foi rastreado pela polícia e seguiu até a favela de Cidade de Deus, que é uma base do Comando Vermelho.