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Eleições: Argentinos vão às urnas neste domingo

A Argentina chega ao compromisso eleitoral  neste domingo (22)  com a economia em chamas, na esperança de que do voto de domingo, ou do segundo turno de 19 de novembro, emerja um líder capaz de arrastar o país para fora da espiral negativa em que se encontra.

 

O panorama é incerto.

Comerciantes, atividades produtivas e investidores estrangeiros estão na janela esperando entender o que acontecerá, enquanto ganha terreno a ideia de que uma nova desvalorização do peso esteja atrás da esquina.

Uma réplica do que aconteceu um dia depois das primárias de agosto, quando a moeda nacional deixou 22% no tapete, consternada pelo resultado do outsider “anarco-capitalista” da Libertad Avanza, Javier Milei, que saltou à liderança na preferência com 29,8% para sentar na Casa Rosada.

Ultrapassando os outros dois favoritos, a conservadora Patricia Bullrich (Juntos por el Cambio), com 28%; e o peronista progressista e atual ministro da Economia Sergio Massa (Union por la Patria), parado em 27,8%.

A previsão de curto prazo é de instabilidade. E com a inflação anual em 140%, uma faixa de pobreza de cerca de 40%, e bilhões de dólares em dívidas para pagar ao Fundo Monetário Internacional (FMI), a Argentina virou terreno de conquista para o proselitismo do novo populismo de direita, na longa onda de Trump.

Justamente, não é por acaso que da Espanha e do Brasil tenham aparecido expoentes do partido de extrema-direita Vox, e soberanistas de Bolsonaro, para dar uma mão ao antissistema Milei.

O homem com a motosserra aclamado pelas multidões. “O rei de um mundo perdido” que quer fazer pedacinhos da “casta ladra” e promete um “futuro” cintilante como a chuva de paetês de seu último comício.

Para fazer frente à bagunça econômica do país, o líder da Libertad Avança, que no dia das eleições vai assoprar 53 velinhas, aponta para um conservadorismo duro nos temas sociais e um liberalismo desenfreado, com cortes drásticos nos gastos públicos, a supressão de mais da metade dos ministérios, a dolarização da economia e o fim do Banco Central.

“Um salto no vazio” o de Milei, segundo muitos observadores da burguesia moderada, que preferem o projeto da conservadora Bullrich, concentrado na eliminação dos atuais bloqueios que impedem a compra de dólares no mercado oficial.

O programa de governo da paladina de Juntos por el Cambio é sintetizado em um documento de 22 pontos intitulado “Um país organizado”. E desde o início da campanha eleitoral, escolheu ter a seu lado o super-economista Carlo Melconian.

Seu manifesto prevê a possibilidade de usar tanto o peso quanto o dólar americano, com reformas graduais e uma modulação diferente dos incentivos para “pôr fim à inflação e restabelecer a adimplência”.

Corre em outra direção a proposta do progressista Massa, atual ministro da Economia, que olha para o desenvolvimento energético com os campos de gás e petróleo de Vaca Muerta, e das matérias primas com o lítio.

O candidato de Union por la Patria conta com a entrada no Brics e o apoio da China, prometendo “apagar a dívida com o FMI” em quatro anos. Mas alguns observadores afirmam maliciosamente que, com Massa, o país poderia se transformar em uma “Argen-China”.

Tanto é que a poucos dias do compromisso com as urnas, o presidente peronista, Alberto Fernández, voou para Pequim para ativar uma nova troca monetária de US$ 6,5 bilhões (R$ 32,7 bi), para reunir em um único pagamento as três parcelas da dívida que vence em outubro com o FMI.

Uma tentativa de conter a instabilidade dos mercados e das taxas de câmbio, que parece quase inevitável a partir de segunda-feira (23), no dia seguinte ao voto.

Com informações da Reuters

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