Daniel Alves completa, no dia 20 de outubro, nove meses de prisão. Acusado de estupro contra uma jovem de 23 anos, o brasileiro está na cadeia Brians 2, em Barcelona, na Espanha, desde 20 de janeiro. A violência teria acontecido em dezembro de 2022 e a investigação foi encerrada em julho deste ano.
Segundo a imprensa espanhola, o atleta, que está sem clube desde a detenção, deve ser julgado entre outubro e novembro, mas ainda não há data certa. Na prisão, ele completou 40 anos.
Entenda qual é a situação do atleta:
O caso teve sua primeira repercussão na imprensa espanhola ainda no ano passado. No dia 31 de dezembro de 2022, foi revelado que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem de 23 anos na casa noturna de luxo Sutton, em Barcelona, na Espanha, no dia anterior.
A suposta vítima esteve acompanhada por amigas a todo o instante e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que logo colheu o depoimento da mulher.
O brasileiro prestou depoimento de forma voluntária à polícia, sem a presença de seus advogados. O lateral estava na Espanha com a modelo Joana Sanz, sua mulher, por causa do velório da sogra.
Em janeiro, a esposa do lateral pediu à imprensa que respeitasse a privacidade no período.
Em janeiro, quando a notícia começou a circular nos noticiários, o jogador concedeu entrevistas para rebater os rumores de que tinha estuprado uma jovem no banheiro de uma boate de luxo em Barcelona.
No entanto, no dia 5 daquele mês, ao programa espanhol Y Ahora Sonsoles, do canal Antena 3, ele confirmou que estava na casa noturna Sutton na data do ocorrido, mas negou a agressão e disse que não conhecia a vítima.
À medida que as investigações avançavam, as versões foram se alterando.
Em 10 de janeiro, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e começou a investigar o jogador, que por muitos anos defendeu a camisa do Barcelona e se tornou ídolo da equipe catalã.
Inconsistências nas versões dadas pelo atleta, além da possibilidade de fuga do país europeu para o Brasil, fizeram com que a juíza responsável pelo caso, Maria Concepción Canton Martín, decretasse a prisão preventiva de Daniel Alves no dia 20 de janeiro, após ele prestar depoimento.
Logo que foi detido, o Pumas, clube mexicano que o lateral defendia, rompeu o acordo. Preso, Daniel também recebeu a notícia de que sua esposa, Joana Sanz, havia pedido a separação. A modelo, no entanto, teria desistido do divórcio e retornou para a casa dos dois em Barcelona. Um presidiário do Brians 2, o mesmo do jogador, chegou a afirmar que o brasileiro sofria perseguição de detentos.
Os filhos de Daniel e a ex-mulher, Dinorah Santana, foram morar mais próximos a Barcelona.
Para o acompanhar no caso, Daniel Alves contratou o advogado Cristóbal Martell, que já defendeu o Barcelona, Lionel Messi e alguns empresários e políticos da Espanha.
Em abril, a equipe de defesa fez com que Daniel voltasse a depor, para enviar pedidos de liberdade provisória. De acordo com a legislação local, uma pessoa investigada pode depor quantas vezes considerar necessário durante o processo. Todos os recursos propostos pela defesa foram recebidos e recusados.
Em uma das versões, Daniel Alves confirmou que teve relação sexual com a jovem que o acusa, mas que foi consensual e que ele mentiu em um primeiro momento para esconder a infidelidade da mulher, Joana Sanz.
Mesmo indicando que se separaria do jogador, a modelo continuou com as visitas na prisão e até o parabenizou em seu aniversário, em abril.
Em agosto, quando a Justiça de Barcelona decretou o fim das investigações, Daniel Alves e a equipe de defesa desistiram de buscar novos recursos para acelerar o julgamento e se tornar réu no processo.
“Dani Alves tem se mostrado insatisfeito com o relato dos fatos contidos na decisão judicial, que não condizem com a realidade do ocorrido”, afirmou nota enviada para a reportagem na época.
“No entanto [Daniel Alves] também afirmou que não recorrerá da resolução para agilizar seu julgamento. A denúncia é etapa necessária para o encaminhamento dos autos ao juiz de primeira instância”.
A alteração do Código Penal da Espanha, em outubro de 2022, fez com que fosse adicionada uma nova lei, a qual prevê que crimes sexuais devem ser tipificados segundo o consentimento da vítima.
Chamada de “Só sim é sim”, a lei passou a considerar que todos os atos sexuais não consensuais são violência. A prisão do jogador está mantida até o fim do julgamento, que ainda não tem data.
Daniel Alves poderá ser condenado a uma pena de oito a dez anos de prisão, caso o julgamento confirme o estupro. No início de fevereiro, oito testemunhas, que estiveram presentes na madrugada em que o caso teria ocorrido, prestaram depoimento na Justiça espanhola.
Se condenado, o processo cabe recurso. Mas Daniel Alves não será solto para cumprir a pena no Brasil. Os anos de reclusão deverão ser cumpridos na penitenciária em Barcelona, na Espanha, seguindo a legislação do país.