A Petrobras vai aumentar o preço da gasolina e do diesel a partir de amanhã (16) para as distribuidoras.
O que aconteceu
Para a gasolina, o aumento vai ser de R$ 0,41 por litro. O preço nas refinarias subirá para R$ 2,93, no valor médio, o que configura um aumento de 16,3%. Segundo a Petrobras, a parcela da estatal no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,14 a cada litro vendido na bomba. Os preços da gasolina não eram reajustados desde 1º de julho.
No caso do diesel, a alta será de R$ 0,78 por litro. O valor médio passará para a R$ 3,80, uma alta de 25,8%. A petroleira informou que o preço do combustível ao consumidor será, em média, R$ 3,34 a cada litro vendido na bomba. Os preços do diesel não eram reajustados desde 17 de maio.
Petrobras está no “limite de otimização operacional”. No comunicado que a estatal informou sobre o aumento da gasolina e do diesel, ela disse que o reajuste foi feito considerando também o preço do petróleo e as importações complementares dos dois combustíveis.
Postos têm autonomia para definirem os preços que vão cobrar. Em nota, a Petrobras destacou que “o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda”. O preço médio do litro da gasolina nos postos ficou em R$ 5,53 na semana passada. Segundo a pesquisa semanal da ANP, o preço médio do diesel atingiu R$ 5,08 por litro.
Preços da Petrobras estavam com valor mais baixo do que o praticado no mercado internacional. Com a alta da cotação do petróleo, as refinarias da petroleira passaram a comercializar combustíveis por custos menores no mercado interno, o que afeta importadores e refinarias privadas. Uma vez que o Brasil não é autossuficiente em derivados de petróleo, os preços precisam de estar em patamares que não inviabilizem importações de terceiros.
Desde maio, a estatal abandonou a paridade de importação, cumprindo a promessa de campanha do presidente Lula de abrasileirar os preços dos combustíveis. Segundo a Petrobras, a implementação da estratégia comercial, em substituição à política de preços anterior, incorporou parâmetros que refletem as melhores condições de refino e logística na sua precificação.
“A consolidação dos preços de petróleo em outro patamar, e estando a Petrobras no limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares, torna necessário realizar ajustes de preços para ambos os combustíveis, dentro dos parâmetros da estratégia comercial, visando reequilíbrio com o mercado e com os valores marginais para a Petrobras.” – Petrobras, em nota
Impacto na inflação
Gasolina é o item de maior peso no IPCA. A corretora Ativa estima que o impacto direto do reajuste de gasolina na inflação de agosto será de 0,29 ponto percentual, que somado ao avanço do diesel chegará a 0,31 ponto percentual. “O relevante para o reajuste do diesel é o impacto indireto, que tende a elevar sobremaneira o custo de transportes da economia e tornar o processo desinflacionário menos intenso”, avaliou o analista Étore Sanchez.
Projeções para inflação devem ser revisadas para cima. A Ativa elevou sua projeção para o IPCA do ano de 4,8% para 5,1%, ao passo que o IPCA de agosto saltou de 0,08% para 0,23%, e o de setembro de 0,26% para +0,41%. O mercado projeta atualmente uma inflação de 4,84% para 2023, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
“O silêncio da estatal sobre esta discrepância [entre os preços domésticos e externos] criava ruídos desnecessários nas perspectivas de médio e longo prazo para a a inflação e impedia uma melhor ancoragem das projeções dos economistas. Contudo, o comunicado não deixa claro os parâmetros utilizados pela estatal para recalibrar os preços, logo toda vez que a paridade for violada de maneira significativa o mercado irá esperar alguma elevação de preços. Aparentemente a linha vermelha é 25% de diferença entre os preços domésticos e externos.” – André Perfeito, economista