O papa Francisco criticou, nesta quarta-feira (2), a divisão global diante de desafios comuns, citando a guerra, mudanças climáticas e a crise migratória no primeiro discurso em Lisboa, em Portugal, para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento que deve reunir um milhão de pessoas.
Em vez de armas, o Papa Francisco apela à aposta na saúde, educação e estado social. Em um elogio ao Ocidente, o líder da Igreja Católica apela ao humanismo da Europa.
“A tua tecnologia, que marcou o progresso e globalizou o mundo, sozinha não basta; e muito menos bastam as armas mais sofisticadas, que não representam investimentos para o futuro, mas empobrecimento do verdadeiro capital humano que é a educação, a saúde, o Estado Social”, declarou Francisco, ao lado do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, e perante uma plateia de governantes e corpo diplomático, no Centro Cultural de Belém.
Francisco disse estar feliz por estar em Lisboa, cidade do encontro que abraça vários povos e culturas e que, nestes dias, se mostra ainda mais universal; torna-se, de certo modo, a capital do mundo. Isto condiz bem, enfatizou o pontífice, com o seu caráter multiétnico e multicultural e revela os traços cosmopolitas de Portugal, que afunda as suas raízes no desejo de se abrir ao mundo e explorá-lo, navegando rumo a novos e amplos horizontes.
A Jornada Mundial da Juventude é um dos maiores eventos da Igreja Católica, que deve atrair a Portugal mais de um milhão de peregrinos até domingo. Esta é a primeira edição do evento anual desde a pandemia.
Nas ruas de Lisboa, o clima é de festa e celebração. Mas, ao mesmo tempo, a visita do papa é marcada também por protestos, por dois motivos:
os gastos públicos, a previsão é que o Estado português terá de desembolsar até R$ 400 milhões com a organização;
Há uma pressão sobre os casos de abusos sexuais dentro da igreja católica. Em fevereiro, um relatório revelou que quase 5 mil crianças foram abusadas por líderes religiosos em Portugal, nos últimos 70 anos.