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Mas, afinal, para que serve um escritor?

Dia 25 de julho próximo passado comemorou-se o ‘Dia do Escritor’. A data foi instituída pela União Brasileira de Escritores (UBE), quando da realização do 1º Congresso de Escritores Brasileiros, em 1960.

 

Estivéssemos ainda na década, digamos, de 1990 do século passado, e teríamos textos de meia página nos principais jornais impressos do país ressaltando o papel do escritor, etc. e tal.

Mas não há mais meia página de jornal impresso tratando de um tema para coisa nenhuma nesse mundo. Muito provavelmente nos anos vindouros, não haverá nem mesmo mais jornal impresso. Em dez anos, talvez, a expressão ‘meia página’ está entrando em desuso. Em vinte anos a própria palavra ‘página’ terá o mesmo destino. A palavra ‘jornal’ em cinquenta anos será abolida dos dicionários eletrônicos. Tive um pesadelo um dia desses.

Mas o que mesmo um escritor? A ideia de pessoalizar alguém que escreve, de este colocar seu nome abaixo do texto que saiu de sua pena é algo muito recente no Ocidente e data do Racionalismo francês e da Reforma Católica do século XVI que propagava a fé pessoal (autoral, portanto).

Antes destas transformações histórico-sociais tudo era criado/escrito coletivamente, ou melhor, sob a égide de um mestre e a obediência total de seus pupilos.

Ao contrário de Faya Ostrower (1920-2001), que disse que ‘criar é dar forma a algo novo’, reafirmando, pois, a ideia de autor/escritor. Por sua vez Roland Barthes (1915-1980) disse que escrever é um ato de anulação do sujeito e de perda da identidade.

Muito mais gente disse e desdisse sobre o ato de escrever e sobre o/a escritor/a. E continuarão dizendo, pelo que parece. À beira de mais um SALIPI (Salão do Livro do Piauí) carradas de escritores pintarão por lá. Alguns consagrados, outros na peleja, outros iniciantes.

Nesses tempos interneteiros muitos influencers têm mais peso e (seguidores!) do que reles escritores, sobretudo os que pensam, reescrevem mil vezes seus textos até trazê-los aos olhos de terceiros, leitores.

Nesses tempos interneteiros, dizem alguns estendidos, que os textos não podem ser mais longos, pois ninguém tem mais vontade (coragem????) de ler coisas longas e tome tik-tok ou coisa que o valha. Até no ato amoroso?

Mas algumas livrarias foram reabertas desde o início do ano e a compra de livro (de papel!!!) via internet tem crescido. Enfim, é ver para crer. Ou melhor, é ler para crer!

Escritores de todo o mundo, uni-vos!!!!

*Aurores/autoras reproduzido(as) na foto: José I, José II, Clarice, Torquato, Fernando, Lygia, Virgínia, Milan, Marcel, Rachel, Lya, Carlos, Cecília.

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É autor, dentre outros livros de “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. É membro da APLA, ALVAL, UBE-PI e IGHP. Escreve às quintas-feiras para esta coluna.

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