Chico Buarque recebeu hoje em Portugal o Prêmio Camões de Literatura. Ele venceu em 2019, mas na época o presidente Jair Bolsonaro se recusou a lhe entregar o prêmio; agora, o músico recebeu o diploma das mãos de Lula.
“Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para a assinatura do nosso presidente Lula”, alfinetou o músico em seu discurso.
Lula também fez referência à recusa de Jair Bolsonaro em entregar o prêmio: “É uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos”.
“Esse prêmio é uma resposta do talento contra a censura, do engenho contra a força bruta, um prêmio escolhido por unanimidade por jurados de Portugal, do Brasil, de Angola e de Moçambique”, afirmou Lula. E citou o próprio Chico Buarque: “Hoje já é outro dia”.
“O Camões é um dos principais reconhecimentos a autores que escrevem em língua portuguesa em qualquer canto do mundo. Chico sempre chama a atenção, claro, mas vale olhar para quem está junto dele”, explica o colunista de Splash Rodrigo Casarin. “Em 2021 o Camões foi para Paulina Chiziane, reconhecida como primeira mulher romancista de Moçambique. Em 2022, para Silviano Santiago, que merece atenção tanto pelos seus romances quanto pela sólida trajetória na crítica literária”.
“Não deveria surpreender ninguém ver um presidente assinando um diploma que reconhece grandes artistas e pensadores, independente da nacionalidade dos premiados. Depois de um governo tenebroso, no entanto, provoca certo alívio ver a cultura tratada com o mínimo da razoabilidade.” Rodrigo Casarin