O deputado Flávio Nogueira (PT/PI) vai presidir, no dia 11 de abril, uma sessão solene na Câmara Federal para celebrar os 200 anos da Batalha do Jenipapo, ocorrida em 13 de março de 1823, na então vila piauiense de Campo Maior. Serão convidados para o evento os governadores do Piauí (Rafael Fonteles), do Ceará (Elmano de Freitas) e do Maranhão (Carlos Brandão), além dos congressistas desses três estados, que tiveram envolvimento direto no combate. O parlamentar petista, autor do requerimento da sessão, disse que esse confronto precisa ser lembrado como um dos fatos mais marcantes no processo de independência do Brasil.
“A Batalha do Jenipapo foi a mais sangrenta luta travada por brasileiros contra os laços que nos prendiam à Coroa portuguesa. A história do confronto derruba muitos mitos sobre a nossa emancipação política”, observa Flávio Nogueira, que é coordenador da bancada federal piauiense no Congresso Nacional. Segundo ele, o saldo do combate, com cerca de 200 mortes só no lado brasileiro, deixa patente que a emancipação do país não resultou de um processo pacífico. “Nem se consolidou após o ‘brado retumbante’ do príncipe Dom Pedro, no dia Sete de Setembro de 1822”, completa o parlamentar.
Flávio Nogueira ainda ressalta que a Batalha do Jenipapo é uma prova de que os fatos que levaram à independência brasileira não se limitaram às fronteiras do Rio de Janeiro ou às margens do Ipiranga, em São Paulo. “Infelizmente, nossos livros de história ainda ignoram ou são superficiais na abordagem desse combate em solo piauiense. Por isso, a imensa maioria das pessoas nunca ouviu falar no confronto entre brasileiros e portugueses às margens do riacho Jenipapo, em Campo Maior”, lamenta o petista.
Identidade nacional
Com a sessão solene na Câmara Federal, o deputado Flávio Nogueira quer dar o merecido destaque à Batalha do Jenipapo, enfatizando que o confronto teve relevância no destino do Brasil. “Vamos aproveitar o evento para salientar que os piauienses, cearenses e maranhenses que morreram às margens do riacho Jenipapo tiveram um papel importante na emancipação do país. Esses heróis desconhecidos contribuíram para manter a unidade do território brasileiro e para construir uma identidade nacional”, explica o parlamentar.
Conjuntura histórica
A Batalha do Jenipapo está inserida em um contexto que envolvia o plano da Coroa portuguesa de manter uma colônia no norte do país. Nessa conjuntura, o Piauí oferecia uma posição geopolítica estratégica, com ligações terrestres com Ceará, Pernambuco e Bahia, províncias que manifestavam o desejo separatista e apoiavam a independência do país. Ao nomear o major João José da Cunha Fidié como governador das Armas da província piauiense, o rei de Portugal, Dom João VI, pretendia salvaguardar os interesses de Lisboa na região.
Esse projeto português, no entanto, esbarrou na vontade emancipacionista do povo piauiense, que culminou na Batalha do Jenipapo. No confronto, a vitória ficou com os soldados da Coroa lusitana. Mas a vitória teve um sabor de derrota, já que a tropa de Fidié, com muitos homens feridos e poucos suprimentos e munição, foi obrigada a deixar o Piauí. Fidié acabaria preso em Caxias-MA, sendo enviado para o Rio de Janeiro. De lá, seria deportado para Portugal. Enquanto isso, o Piauí consolidava sua adesão à independência do país.