O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu manter o ministro das Comunicações Juscelino Filho no cargo mesmo com as acusações de que utilizou um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para ir de Brasília a São Paulo para participar de um leilão de cavalos de raça.
Lula e Juscelino se reuniram na tarde desta 2ª feira (6.mar.2023) para conversar sobre o assunto. Anteriormente, em entrevista à Band News, o petista disse que, se o ministro fosse considerado culpado, teria que deixar o governo.
Em sua conta oficial do Twitter, Juscelino disse ter tido uma “reunião positiva” com Lula e afirmou ter esclarecido “acusações infundadas” contra ele. “Temos muito trabalho pela frente!”, declarou em sua publicação.
Entenda
Juscelino Filho tem 38 anos e foi reeleito deputado federal em 2022 com 142.419 votos. Assumiria novo mandato na legislatura empossada em 1º de fevereiro, mas se licenciou para assumir o Ministério das Comunicações.
O cargo de Juscelino ficou abalado depois que casos de corrupção foram revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo, afetando sua credibilidade nos primeiros 60 dias de governo. Entenda as acusações contra o ministro:
emendas para fazenda privada:
O ex-deputado federal destinou R$ 7,5 milhões das emendas de relator à prefeitura de Vitorino Freire (MA) para pavimentação de estradas, dos quais R$ 5 milhões seriam para melhoria de 19 km de um trecho que circunda ao menos 8 fazendas de sua família. A prefeita de Vitorino Freire é Luanna Rezende, irmã do ministro.
A empresa contratada pelo município para a obra era de um amigo de Juscelino Filho, o empresário Eduardo José Barros Costa –conhecido como Eduardo Imperador.
O engenheiro da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) Julimar Alves da Silva Filho foi o responsável por assinar o parecer autorizando o valor orçado para a pavimentação.
Eduardo Imperador foi preso por acusações de pagamento de propina a funcionários federais para obter obras na cidade e de ser sócio oculto da Construservice. Já o engenheiro da Codevasf foi afastado sob suspeita de receber R$ 250 mil em propina de Eduardo.
envio de dados falsos à Justiça sobre voos de helicóptero:
Outra acusação contra Juscelino é relacionada à falsificação de informações sobre o pagamento de R$ 385 mil em táxi-aéreo na campanha eleitoral de 2022. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Juscelino informou à Justiça Eleitoral que fez 23 viagens pela empresa Rotorfly Taxi Aéreo de agosto a setembro de 2022, durante a campanha. Na prestação de contas, é dito que 3 supostos cabos eleitorais teriam realizado os percursos.
pagamento de despesas depois das eleições:
De acordo com o MPE (Ministério Público Eleitoral), Juscelino também gastou R$ 185 mil de forma irregular para pagamento de despesas depois das eleições de 2022. No total, somados os gastos com a empresa de táxi-aéreo, foram R$ 570 mil.
As informações constam em recurso de 16 de dezembro da Procuradoria Regional Eleitoral do Maranhão ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra decisão do TRE-MA (Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão).
avião da FAB para participar de leilão de cavalos:
Juscelino usou diárias e um avião da FAB para ir a um leilão de cavalos de raça em janeiro, sob a justificativa de que se tratava de uma viagem “urgente”.
Segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo, o ministro assessorou compradores de animais e inaugurou uma praça em homenagem ao cavalo de um sócio no município de Boituva, em São Paulo.
Na data da viagem, Juscelino teve só duas horas de compromissos oficiais e o evento com cavalos não constava em sua agenda.
Para a viagem, recebeu R$ 3.000 para as diárias e voou em um jato privado da FAB, de Brasília a São Paulo. De acordo com o jornal, a viagem de ida e volta custaria cerca de R$ 140 mil.
Ministros demitidos
Se Juscelino Filho fosse demitido, ele teria sido o ministro que caiu do cargo mais rápido dos 3 mandatos de Lula, com só 65 dias no posto.
Até agora, Silas Rondeau (Minas e Energia) foi o ministro dos mandatos de Lula que ficou menos tempo no cargo. O ex-ministro deixou o governo com 4 meses e 24 dias depois da nomeação. Na época, Silas foi alvo de acusações envolvendo propina.
Fonte: Poder360
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