A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, confirmou nesta quinta-feira (8) que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar a 1ª leva de ministros nesta sexta-feira (9). O petista dará entrevista para jornalistas às 10h15.
Segundo o Poder360 apurou, os primeiros indicados devem ser Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda, que será recriado, e José Múcio Monteiro para o Ministério da Defesa. Também devem ser oficializados para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que esteve reunido com Lula em Brasília nesta 5ª feira (8.dez.2022), e para a Casa Civil, Rui Costa. O embaixador Mauro Vieira deve ser indicado para chefiar o Itamaraty.
Lula também cogita anunciar na 6ª feira a governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido), para o Ministério da Educação e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, para o Ministério da Saúde.
A possível inclusão das duas mulheres na lista de prováveis nomes no 1º anúncio que Lula fará sobre a composição de sua equipe seria uma forma de blindá-lo de críticas por falta de representatividade feminina. Também indicaria que o petista está disposto a ter um governo mais paritário, algo cobrado por aliados durante a campanha eleitoral.
“A questão dos ministérios, o presidente deve começar amanhã a divulgar. Ele acabou de me chamar lá para o final da tarde para a gente conversar porque ele está querendo, pelo menos, amanhã anunciar alguns nomes de ministros”, disse. Gleisi participa nesta 5ª feira (8.dez.2022) da reunião do Diretório Nacional do PT, realizada de forma híbrida, presencial e virtual
Lula sinalizou a aliados que tem um bloco de cerca de 8 nomes já definidos e que poderia oficializar como integrantes de seu novo governo neste 1º momento.
Gleisi afirmou que o presidente eleito pretendia anunciar sua equipe apenas depois da sua diplomação, que será realizada na 2ª feira (12.dez.2022), mas resolveu acabar com “especulação”. “Ele acha que tem muita especulação, muita coisa. Então, aquilo que ele já tem certeza, ele está querendo divulgar amanhã”, disse.
O PT reivindica mais espaço na formação do novo governo Lula e teme que siglas que não apoiaram Lula na campanha eleitoral, mas que agora querem integrar a base do governo acabem ficando com pastas importantes e com bom orçamento. De acordo com Gleisi, a sigla considera como estratégico comandar a Casa Civil e o ministério da Fazenda.
“É o partido do presidente da República, acho que é até natural. Além de ser do partido, tem de ser de muita confiança do presidente, de muita relação com ele”, disse.
Ela listou como também importantes para o partido os ministérios da Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Agrário e Cidades.
Questionada sobre como Lula distribuirá as pastas entre aliados, já que o PT indicou interesse em várias delas, Gleisi defendeu a participação de aliados, mas disse que o PT “tem tamanho”.
“Claro que o PT tem a compreensão de que os aliados têm que participar do processo, mas obviamente também nós sabemos também o tamanho que nós somos, o tamanho que é o PT e a importância que teve nesse processo. É o maior partido da coligação e é o partido do presidente“, disse.
A dirigente afirmou ainda que o PT montou uma comissão interna para discutir com Lula não apenas quais ministérios comandará no próximo governo, mas também quais cargos ocupará em outros espaços, como estatais e autarquias públicas. A demanda deve ser levada ao petista na próxima semana. “A gente tem feito uma discussão sobre ministérios que achamos importantes e que têm a ver com a nossa história, com as nossas causas, que são ministérios da área social”, disse.
Gleisi atribuiu parte do tempo de espera para o anúncio dos ministérios ao trabalho dos grupos temáticos da transição, que, segundo ela, precisavam avançar no diagnóstico da atual situação do governo federal e do orçamento público.
“Antes era ruim por causa dos grupos da transição, com o pessoal trabalhando, fazendo levantamento, discutindo as coisas. Agora no domingo entregam os relatórios finais de todos os grupos, então é bom mesmo já ir tendo os ministros responsáveis por cada área para fazer os encaminhamentos”, afirmou.
Nomes que devem ser anunciados
Fernando Haddad
Tem 59 anos. Foi ministro da Educação entre 2005 e 2012 e prefeito de São Paulo entre 2013 e 2017. Em 2018, Haddad substituiu Lula na chapa presidencial quando o petista foi impedido de disputar o pleito por estar preso pela Lava Jato. E em 2022, levou o PT a ter o melhor desempenho de sua história em São Paulo, berço político do partido. O resultado foi fundamental para a vitória de Lula na disputa nacional.
O ex-prefeito conquistou a confiança de Lula ao longo dos últimos anos. Foi um dos principais articuladores da aliança do petista com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) para formarem a chapa que venceu a eleição presidencial.
Há ainda a avaliação de que Haddad pode se cacifar para suceder a Lula nas eleições presidenciais de 2026. O petista disse que não tentará a reeleição.
José Múcio Monteiro
Tem 74 anos. Foi deputado federal por 5 mandatos, pelo Estado de Pernambuco. Nesse período, passou pelo PFL (nome antigo do DEM, que hoje faz parte do União Brasil), PSDB e PTB. Antes de ser deputado, passou pela Arena, partido de sustentação da ditadura militar, e pelo PDS.
O político foi nomeado para o TCU em 2009, durante o governo Lula, e ficou no tribunal até 2021. Chegou a ser presidente da Corte de Contas. Também na gestão Lula, foi ministro de Relações Institucionais. Ao longo do tempo, cultivou boa relação com políticos de esquerda e de direita, além de militares.
Flávio Dino
Tem 54 anos. É advogado e professor. No PC do B foi deputado federal pelo Maranhão em 2007, presidente da Embratur entre 2011 e 2014 e governador do Maranhão, entre 2015 e 2022. Em junho de 2021, ele migrou para o PSB para disputar a eleição ao Senado neste ano. Ele foi eleito.
Durante a campanha eleitoral, Lula chegou a dizer que ele não ficaria no Congresso “por muito tempo”, dando a entender que o aliado seria indicado para algum ministério.
Rui Costa
Tem 59 anos. Economista, é governador da Bahia pelo PT desde 2015. Foi deputado federal em 2011 e em 2014. Por causa de acordos locais, desistiu de disputar uma vaga ao Senado nas eleições de 2022, mas foi fundamental na vitória de seu sucessor, Jerônimo Rodrigues (PT). Ele derrotou o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), tido no início do pleito como o favorito.
Fonte: Poder360
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