Foi-se o Gigante Gentil, aos 81 anos. O Tremendão partiu deste para o outro lado do LP da vida. Sem sombra de dúvidas o parceiro, Roberto Carlos, perdeu o maior de seus 1 milhão de amigos. Na verdade Erasmo era o ‘amigo de fé, irmão, camarada’.
Nascido no Rio de Janeiro, bairro da Tijuca, em 1941, Erasmo Carlos foi, ao lado de Roberto Carlos, Wanderleia, Martinha e tantos outros, um dos pilares da Jovem Guarda, movimento musical (e comportamental) que influenciou a juventude brasileira por décadas, a partir de 1955, digamos.
Corpulento, 1,93 m de altura, bonachão, apelidado de ‘Gigante Gentil’, Erasmo foi o mais roqueiro dentro da Jovem Guarda. Se sua parceria com Roberto fez brotar algumas das mais românticas do cancioneiro popular brasileiro, a carreira solo deste cantor-compositor nunca perdeu o foco do Rock’n’Roll.
Além disso, o Gigante Gentil foi um dos primeiros cancionistas do País a tratar de temas polêmicos como o ecológico (LP Projeto Salva Terra, de 1994), o identitário/libertário (LP Mulher, 1981), o homoafetico (canção ‘Dá um Close Nela’), etc..
Erasmo sempre comentou em suas entrevistas que a pessoa que lhe ensinou os primeiros três acordes havia sido o amigo Tim Maia. E ele, Erasmo, sabia como ninguém, preservar as amizades.
Agora, com a partida do gigante, uma laguna enorme se abre na música popular do Brasil e esta lacuna será preenchida com livros sobre Erasmo, filmes, homenagens das mais variadas como deve ser. Mas nós, os fãs do cantor e compositor, sabemos que haverá sempre um espaço impreenchível que nem o tempo dará conta. Nesse espaço aberto em nossas almas apenas a doçura poética de EC singrará para sempre, poeticamente.
Ernâni Getirana é professor, poeta e escritor. É autor, dentre outros livros, de “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve para esta coluna sempre ás quintas-feiras.