Ex-governador de São Paulo, João Doria anunciou, nesta quarta-feira (19), a sua desfiliação do PSDB. O empresário oficializou a saída do partido em sua conta no Twitter, ao dizer que “encerra essa etapa com cabeça erguida”.
“Anuncio minha desfiliação do PSDB após 22 anos no partido. Inspirado na social-democracia e em nomes como Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC [o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso], cumpri minha missão política partidária pautado na excelência da gestão pública e em uma sociedade mais justa e menos desigual”, disse em sua conta no Twitter.
Doria venceu as prévias para ser o candidato do partido à Presidência, mas enfrentou resistências internas. Em 23 de maio, o empresário anunciou a desistência à corrida presidencial. Na mesma semana, o PSDB optou por apoiar a candidatura de Simone Tebet (MDB) ao indicar a senadora Mara Gabrilli como vice na chapa.
No mesmo dia em seu deixou a disputa pelo Palácio do Planalto e se distanciou da política, Doria disse que não deixaria o PSDB. “Eu não mudei de partido, não mudo de partido e não vou mudar de partido”, disse na ocasião.
Doria foi escolhido como pré-candidato em eleição interna do partido ao derrotar o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. A vitória na disputa interna gerou tensões com a ala do PSDB que defendia a candidatura de Leite e tentou uma manobra interna após a desistência de Doria.
No final de março, o ex-governador de São Paulo chegou a ameaçar desistência de sua pré-candidatura, mas voltou atrás e fez o lançamento no mesmo dia. O movimento foi lido como uma espécie de contra-ataque aos apoiadores de Leite.
Doria não apoiou de forma aberta nenhum presidenciável no 2º turno e se colocou neutro entre optar por Lula (PT) ou Bolsonaro (PL). Seu vice enquanto governador, Rodrigo Garcia anunciou “apoio incondicional” à reeleição do presidente Bolsonaro. Já o PSDB abriu a escolha para os diretórios estaduais.
Vida política
A trajetória política de João Doria teve início com vitória surpreendente em 1º turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 2016, quando superou o então prefeito, Fernando Haddad (PT). O político iniciante recebeu mais de 3 milhões de votos.
Hoje vice-presidente na chapa presidencial de Lula (PT), Geraldo Alckmin apadrinhou politicamente João Doria no PSDB e articulou sua possibilidade de concorrer à Prefeitura, ao vencer tucanos com maior bagagem na sigla, como Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli.
Ainda durante a campanha à prefeitura, Doria prometeu que não deixaria o cargo antes do fim do mandato para concorrer ao governo de São Paulo, em 2018. A promessa não foi cumprira e Doria deixou o posto de prefeito para ser eleito governador naquele ano: recebeu 51,75% dos votos, contra 48,25% de Márcio França (PSB) – a diferença entre os dois foi de 741.507 votos.
O governador João Doria teve entre suas ações a parceria com o laboratório Sinovac, da China, para a produção de uma vacina contra a pandemia de Covid-19. A Coronavac foi a primeira vacina utilizada na imunização da população brasileira a partir de 17 de janeiro de 2021, quando a enfermeira negra Mônica Calazans, de 54 anos, moradora de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, recebeu o primeiro imunizante.
Até o início da vacinação, Doria entrou em disputa política com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que o acusava de implementar a política do “fique em casa” junto de outros governadores durante a pandemia. Bolsonaro repete em sua propaganda à reeleição o discurso de que ações de governadores interferiram na economia nacional e que ele não pôde atuar na pandemia.
Quem é João Doria
Paulistano, Doria nasceu em 16 de dezembro de 1957, filho do publicitário e ex-deputado federal João Doria e de Maria Sylvia Vieira de Morais Dias Doria.
Logo após o golpe militar em 1964, seu pai, publicitário e marqueteiro político, que se elegera deputado federal teve o mandato cassado, o que fez com que a família se exilasse em Paris por 2 anos.
De volta ao Brasil, a mãe de Doria instalou uma fábrica de fraldas em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo e Doria foi estudar na Escola Estadual Professora Marina Cintra, na rua da Consolação.
Em 1970, aos 13 anos, Doria começou a ajudar sua mãe na fábrica. Mais tarde, por meio das relações do pai, conseguiu um estágio em um departamento de Rádio, TV e Cinema de uma agência de propaganda.
Doria fez faculdade de Comunicação Social na FAAP e logo assumiu uma diretoria na antiga TV Tupi. Depois, tornou-se diretor na Rede Bandeirantes e ficou à frente da MPM, maior agência de propaganda do país na década de 80.
Doria é casado com a artista plástica Bia Doria e tem três filhos. Ele tem dois livros lançados: “Sucesso com Estilo” e “Lições para Vencer”.
Sua marca está no Grupo Doria, grupo de Comunicação e Marketing composto por seis empresas: DoriaAdministração de Bens, Doria Editora, Doria Eventos, Doria Internacional, Doria Marketing & Imagem e LIDE (Grupo de Líderes Empresariais).
Também atuou como Publisher da Doria Editora que publica 18 revistas segmentadas voltadas para empresários e o público de classe A, entre elas: LIDE, Caviar LifeStyle, Gabriel, Meeting & Negócios, Mulheres líderes e Oscar.