31.8 C
Teresina
segunda-feira, setembro 30, 2024
Dengue
InícioCulturaO desafio de ensinar língua portuguesa formal, hoje

O desafio de ensinar língua portuguesa formal, hoje

A língua portuguesa é uma língua de origem indo-europeia românica flexível ocidental originada no galego-português falado no Reino de Galiza e no Norte de Portugal. É a quinta língua mais falada no mundo com 280 milhões de falantes em Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissal, São Tomé e príncipe, Macau, Timor-Leste, Malaca, Diu, Damão, além de muitas ilhas.

A grande maioria dos idiomas possui uma interface cotidiana, informal, e outra formal. Esta última ocorre à medida que as sociedades se complexificam. A modalidade ‘formal’ é usada nas relações institucionais, impessoais. Já a modalidade ‘informal’ ocorre na vida privada, nas relações pessoais (some-se a isso o mundo virtual). O papel da escola no que tange ao ensino do idioma Português seria o de promover a assimilação pela criança da ‘modalidade formal’, pois é através do domínio desta que o futuro jovem adentrará ao mundo do trabalho, da impessoalidade. Por outro lado, a escola não pode discriminar a ‘modalidade informal’. Como dizem alguns estudiosos do assunto, o ideal é que a criança falante de determinado idioma seja poliglota em seu próprio idioma. Isto é, saiba fazer uso adequado das duas modalidades.

A modalidade informal é a que a criança traz de casa. Sua afetividade, estrutura emocional, imaginação, vida mental, tudo está fincado nessa modalidade. O papel do professor, da professora, seria o de introduzir a criança na modalidade formal como algo que amplie de modo significativo (como preconiza David Ausubel (1918-2008)) o universo comunicacional dela.

Vivemos, contudo, em uma sociedade capitalista. Inconscientemente os professores carregamos na cabeça um ‘modelo bancário de educação’, nas palavras do mestre Paulo Freire (1921-1997). Essa questão é impeditiva do ensino mais democrático da Língua Portuguesa. A educação bancária se desfaz no momento em que, quem ensina respeita e parte da bagagem cultural/linguística de quem aprende.

Outra questão igualmente fronteiriça à primeira é o fato de que professores/professoras devemos dar o exemplo no trato formal com a língua. Devemos ser nós mesmos exemplos de leitores/leitoras e produtores/produtoras de textos no cotidiano. Não nos esqueçamos de que a leitura e a escrita são duas faces de uma mesma moeda e devem ser exercidas para ganhar realidade corpórea.

Parece haver certa dificuldade cognitiva de nossa parte em perceber que alunos de escolas públicas, em sua grande maioria não se alimentam devidamente, não moram em casas ou apartamentos confortáveis, nem possuem aulas de reforço no contraturno. Além disso, não possuem a leitura e a escrita como uma prática por aqueles e aquelas que lhes são mais próximos. Restaria aos professores sermos os últimos bastiões com quem estas crianças, adolescentes e jovens podem efetivamente contar.

Há uma frase antiga que diz que “uma criança precisa aprender a contar, ler e escrever”. Essa máxima parece fazer todo o sentido após dois anos sem aulas presenciais divido à pandemia por COVID19. Com ou sem pandemia, o ensino da língua portuguesa, contudo, deve passar, necessariamente, pelo bom senso, pelo exemplo e pelo fato inconteste de que a língua ‘é nossa pátria’, nas palavras de Camões. Às quais eu acrescentaria: ‘e nosso casulo no mundo”.

Ernâni Getirana é professor, poeta e escritor. É autor, dentre outros livros de “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve às quinta-feira para essa coluna.

Comentários

Redação
Redaçãohttps://newspiaui.com
PIAUÍ NO NOSSO CORAÇÃO!
VEJA TAMBÉM
- CET -spot_img
- PROCAMPUS -spot_img

MAIS POPULARES

SEBRAE - PI