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Brasil evita aglomeração em cerimônia das Olimpíadas

Em uma cerimônia que encenou um combate entre o esporte e o coronavírus, a maioria das delegações tradicionais permitiu que seus atletas desfilassem em grande número e se aglomerassem no Estádio Nacional de Tóquio. O Brasil foi exceção ao levar apenas quatro representantes, mesmo tendo 302 atletas nas Olimpíadas.

O levantador Bruninho e a judoca Ketleyn Quadros levaram a bandeira brasileira, e foram acompanhados pelo chefe da missão brasileira, Marco La Porta, e por um oficial administrativo. Ketleyn desfilou e sambou por duas vezes no percurso.

“Os brasileiros estão sofrendo muito e sei que estamos dando esperança e fazendo eles sonharem de novo com o esporte”, afirmou o levantador da seleção de vôlei.

A quantidade menor de representantes contrastou com outras delegações numerosas. Os argentinos, por exemplo, desfilaram com cerca de 30 pessoas, que pularam e cantaram ao entrar no campo do estádio, assim como os portugueses e americanos.

Em uma edição com protocolos rigorosos para evitar infecções, o Comitê Olímpico Brasileiro sempre defendeu uma cerimônia mais enxuta e com pouca gente. Hoje foi o único comitê grande que de fato seguiu a recomendação das autoridades sanitárias.

Antes da cerimônia oficial, o COB permitiu que os brasileiros desfilassem “virtualmente”, na Vila dos Atletas, mas evitou que eles participassem da cerimônia e expusessem a um risco maior.

No estádio, os participantes foram apresentados com uma placa que lembrava um balão de mangá e diante de uma alegoria do Monte Fuji, onde fica o ponto mais alto do Japão. O momento mais impactante da noite foi protagonizado por 1.824 drones que iluminaram o céu sobre o estádio e formaram o desenho da logomarca dos Jogos. Enquanto artistas representando os continentes cantavam a música “Imagine”, de John Lennon, os drones se transformaram no planeta Terra, o que emocionou o público.

Naomi Osaka acende pira olímpica
Coube à tenista Naomi Osaka acender a pira olímpica, desenhada na forma do sol presente na bandeira do Japão. A tenista é a atleta mais importante de seu país presente nos Jogos.

Além dos atletas, apenas cerca de mil pessoas assistiram à cerimônia presencialmente, e até o imperador japonês, Naruhito, estava desacompanhado ao ser apresentado junto com o presidente do COI, Thomas Bach. Foi o prórpio imperador, único monarca no mundo com esse título, quem declarou aberta a 32ª edição dos Jogos.

Durante o minuto de silêncio em homenagem às vítimas da pandemia, foi possível ouvir o grito dos manifestantes que protestavam do lado de fora do estádio contra a realização dos Jogos. O protesto foi acompanhado por forte policiamento, mas não houve registro de confusão.

Também houve homenagem aos israelenses mortos no atentado em Munique-72. Na semana passada, a organização dos Jogos demitiu o diretor da cerimônia depois que vieram a público comentários antissemitas feitos por ele nos anos 90.

Além do tradicional desfile dos países, a cerimônia de abertura mostrou atletas treinando em casa por causa da pandemia. Dançarinos que tomaram o campo de maneira ameaçadora pareceram partículas virais. Ao continuarem a praticar o esporte, os atletas conseguiram afastar a covid.

Dançarinos representando a diversidade demográfica do Japão, entre agricultores e jovens urbanos, ergueram os aros olímpicos feitos com madeira de árvores plantadas em 1964, quando os Jogos foram realizados pela primeira vez em Tóquio.

Outro ponto alto da festa foi a apresentação de um grupo de atores e mímicos que representaram os pictogramas, os símbolos, de 50 esportes das Olimpíadas.

Besuntados chamam a atenção novamente
A tradição de desfilar com o peito de fora e besuntado em óleo se espalhou pela Oceania. Depois de roubar a cena no desfile na Rio-16, Pita Nikolas Taufatofua, o besuntado de Tonga deu as caras novamente. Mas agora ele conta com um rival à altura: Riilio Rii, o besuntado de Vanuatu.

Cerimônia permite interação com japoneses
Mesmo com o estádio praticamente vazio, a abertura das Olimpíadas permitiu alguma interação entre a “família olímpica” e a população de Tóquio, que estão separados pelos rígidos protocolos anticovid. Hoje os ônibus que levaram atletas e jornalistas ao estádio foram recebidos com festa e acenos pelos japoneses, que se reuniram para saudar os visitantes.

Fonte: Folhapress

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