Em meio à pandemia, as ações de extensão na Universidade Federal do Piauí se reinventaram. E, nas asas das tecnologias, chegaram a mais pessoas. “Mas nada substitui o calor humano”, diz Débora Dettman, titular da Pró-Reitoria de Extensão de Cultura. É ela quem comanda uma nova etapa dessa reinvenção que aproxima ainda mais a Universidade da sociedade e cria novos projetos, entre eles o da Orquestra da UFPI, que pretende ocupar um lugar de destaque no cenário cultural piauiense.
Saiba mais sobre a Extensão na UFPI nesta entrevista especial com Débora Dettman.
Qual o grande desafio da Extensão da UFPI?
Nosso maior desafio é tornar a extensão mais atrativa para os docentes e alunos. Diversos professores se desestimulam ao depararem-se com as exigências formais de cadastro e relatórios. Estamos tornando o processo mais simples e ágil, além de dar maior transparência na tramitação dos processos.
Muda alguma coisa com a pandemia?
Sim. A pandemia traz uma profunda mudança na extensão. O contato com a comunidade, que é um pilar da política extensionista, foi severamente afetado. Com o distanciamento social e o fechamento das escolas, houve a necessidade de adaptar os projetos. Alguns pontos positivos surgiram. A tecnologia, por exemplo, permitiu que o projeto chegasse a muito mais destinatários, inclusive os que se encontravam em lugar de difícil acesso, o que aumentou a divulgação e impacto das ações. Contudo, perdemos no calor humano, no contato tão importante entre o acadêmico e o cidadão. Fazer uma apresentação de teatro ou música ao vivo nunca é igual a assistir um vídeo no YouTube.
A senhora diria que a pandemia mostrou de forma mais forte a importância da Extensão?
A pandemia mostrou que não podemos sobreviver a longo prazo isolados. Socializar é algo fundamental para a saúde mental. Beneficia quem é ajudado, beneficia quem ajuda. Mesmo durante o período mais grave da doença, professores e alunos se mobilizaram para confeccionar materiais de proteção, máscaras, álcool, equipamentos hospitalares para contribuir de alguma maneira. Isso é extensão. É a integração entre sociedade e Universidade em prol do bem comum.
A Extensão é a grande porta que se abre entre a Universidade e a Sociedade?
Creio que é uma forma adequada de visualizar a necessária aproximação entre Universidade e sociedade.
Como a Extensão na UFPI consegue fortalecer o Ensino e a Pesquisa?
Permita-me exemplificar. Eu coordeno um projeto de extensão que leva alunos do direito para dialogar com alunos do ensino médio sobre eleições. Para tanto, inicialmente, os universitários são capacitados, isto é, estão aprendendo sobre o conteúdo das apresentações com orientadores, é uma fase de ensino, mas não é só isso. Depois das lições de sala de aula, eles precisam se preparar individualmente, porque são eles que interagirão. Eles, então, passam a pesquisar sobre eventuais dúvidas e como solucioná-las ao serem indagados por seus espectadores. É um momento em que a pesquisa é essencial para a preparação pessoal do discente. Por fim, ao interagir com o auditório, o discente é confrontado com questões, problemas, indagações que talvez não tenha sido capaz de antecipar. Ele então precisa ser capaz de rapidamente fornecer soluções.
Como a PREXC se conecta com os grandes projetos criados pelo reitor Gildásio Guedes, como o Parque Ambiental e o Parque Tecnológico?
A PREXC é a unidade responsável pelo esporte e lazer da UFPI. O Parque Ambiental não é um parque da UFPI, é um parque da cidade de Teresina. Não é um parque restrito a alunos e professores, mas aberto às famílias que procuram um espaço para levar os filhos no final de semana, um local que desperta o desejo pela ciência, um espaço propício a apresentações musicais e à prática de esportes, enfim, o projeto pretende criar uma verdadeira atração turística em nossa cidade, que demanda por espaços públicos de lazer. Nós podemos contribuir e vamos trabalhar para que o projeto se concretize.
A Pro-Reitoria que a senhora comanda tem um papel importante no fortalecimento da própria cultura. Que tipo de programa a senhora destacaria nesse campo?
Não apenas a cultura, como também o esporte. Nos próximos dias, a UFPI estará inaugurando oficialmente a quadra de Badminton, apta a sediar campeonatos internacionais. Além disso, a PREXC abriga diversas ações musicais e culturais, como teatro, dança, camerata, entre outros. Em breve, estaremos inaugurando a orquestra da UFPI, que já está com sede reservada.
No caso da música e especificamente da Orquestra, como a senhora pretende que seja mais presente na sociedade, mais junto das pessoas?
Primeiramente, é importante permitir que os projetos da UFPI possam receber patrocínios, doações, enfim, que sejam capazes de se capitalizarem porque não é mais possível que a Universidade sobreviva apenas com orçamento da União, sobretudo durante a pandemia. Ademais, a Universidade é um local que conjuga talento, espaço e, em certa medida, estrutura. Queremos realizar festivais anuais de música em parceria com os poderes públicos e entidades privadas.
A senhora tem um planejamento bem desenhado para sua área. Como enxerga a Extensão da UFPI em 5 anos?
Nosso trabalho é tentar reverter o impacto negativo da pandemia nas ações de extensão, não apenas no desempenho numérico, como também no corte de bolsas. Voltar ao parâmetro anterior a março de 2020 já seria uma boa notícia no atual cenário pandêmico. Supondo que não haverá novas ondas da doença ou reinfecções significativas, acredito que podemos superar este marco, tornando a extensão uma experiência mais agradável, receptiva, acolhedora e sensível para a comunidade da UFPI. Queremos implantar novas tradições e práticas, sejam administrativas, sejam por projetos que perdurem a longo prazo. Daqui a cinco anos, a PREXC será uma unidade mais eficiente, mais transparente, mais organizada e espero que sirva como referência de gestão.
Fonte: Ascom/UFPI