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Barcelona quer Jonathan David, Lautaro e Neymar

Faz dois meses e meio que Jonathan David completou vinte anos. Nasceu no Brooklin, em Nova York, mas ficou pouco por lá. Os pais, haitianos, levaram-no para Porto Príncipe e, depois, para o Canadá. Foi em Ottawa que David estudou, cresceu, começou a jogar bola e virou sensação de times locais. Foi convocado para o time canadense sub-17, e para o sub-23, e para a seleção principal.

Em toda a história das Copas, o Canadá se classificou apenas para a de 1986. Sua equipe chegou ao México, perdeu os três jogos que disputou, não fez nem sequer um gol, tomou cinco. Mas a esperança nacional de classificação para o Mundial no Catar se espalha, ganha fôlego, se firma em Jonathan David e em Alphonso Davies. Filho de liberianos, nascido em um campo de refugiados em Gana, Davies tinha 5 anos quando foi com os pais para o Canadá, onde foram beneficiados com asilo humanitário. Dez meses mais jovem que Jonathan, Alphonso está desde 2018 em um gigante europeu, o Bayern.

No mesmo ano, Jonathan foi para a Bélgica, jogar pelo Gent. Mais do que a rapidez típica de velocistas, são seus gols que chamam a atenção e as ofertas milionárias. Porto, Arsenal, Borussia Dortmund são alguns dos interessados. Mas o nova-iorquino não parece impressionado; há alguns dias, perguntado a respeito das propostas, deixou claro que quer mesmo é o Barcelona. Até aí, milhares de jogadores espalhados pelo mundo sonham com a camisa do clube catalão, e com grandes títulos, e com o Camp Nou. A diferença é que o Barcelona quer contratar Jonathan David.

Na próxima semana, os clubes belgas devem confirmar a decisão da Liga local de considerar terminado o campeonato nacional, entregando a taça para o Brugge, que tem quinze pontos a mais que o Gent, segundo colocado. O fim antecipado da competição e as dificuldades financeiras produzidas pela crise mundial deixam poucas opções para o Gent, que receberá muito bem a chance de faturar milhões de euros.

A concorrência será acirrada e ampla, mas deve pesar a preferência do profissional. Se o Barcelona fizer sua parte, Jonathan David poderá começar a próxima temporada jogando ao lado de Lionel Messi. Porém o artilheiro da seleção canadense não é a meta prioritária de Bartomeu.

O presidente do Barcelona escutou, há poucas semanas, a torcida no Camp Nou pedir sua renúncia. Era o povo apoiando as críticas públicas de Messi à direção do clube pelo esforço insuficiente para levar Neymar de volta à Catalunha. Logo, antes de se dedicar a tirar David do Gent, Bartomeu buscará atender aos pedidos de seu camisa 10, a saber: uma nova empreitada por Neymar e a contratação de Lautaro Martínez.

O atacante argentino já foi avisado que os catalães propõem um vínculo inicial com validade por cinco anos e opção de renovação. A Inter resiste, busca meios de ficar com seu segundo artilheiro nesta temporada da Série A (com o uniforme interista, só Lukaku fez mais gols no campeonato), mas, outra vez, a opinião do jogador será decisiva.

Há quatro anos, Lautaro teve atitude incomum, rara, ao não aceitar proposta do Real Madrid; na época, aos 18 anos, argumentou que seu objetivo imediato era jogar bem pelo Racing, o que facilmente conseguiu. Depois, esteve muito próximo do Valencia, negociou com o Atlético Madrid, mas resolveu, ao fim, ir para a Internazionale. Jogar na Itália, enfrentar as defesas mais bem organizadas do mundo, é sempre um desafio para atacantes. Havia, pois, a dúvida se Lautaro repetiria por lá o que fez em campos sul-americanos.

Um ano e meio depois, é certo que a Inter acertou em levá-lo. Os dirigentes do clube italiano ainda não se renderam, mas dependem, agora, inteiramente da vontade do jogador. Lautaro só ficará na Itália se entregar ao Barcelona a mesma resposta que, em 2016, deu ao Real Madrid. Aliás, vale notar que Florentino Pérez, sabendo das movimentações de Bartomeu, prepara sua carga pelo argentino.

Quanto ao Neymar, embora não seja longa a distância entre Paris e a capital dos catalães, seu caminho de volta para o Camp Nou pode ser escorregadio, difícil. Mas é evidente que, com a tempestade despejada pelo coronavirus, também o Catar, dono do Paris Saint-Germain, sofrerá perdas financeiras consideráveis, que ainda não são mensuráveis, e pode diminuir seu investimento no campeão francês. E há também a contagem regressiva para o término do compromisso entre o brasileiro e o PSG.

Na França, diferentemente do que acontece em vários países, não existe obrigatoriedade de multa nos contratos entre clubes e jogadores; em compensação, é óbvio que, encerrado o vínculo, o atleta, se quiser, pode simplesmente arrumar as malas e ir embora, o que provavelmente será feito por Neymar. Assim, se dinheiro virar problema para o Catar— o que seria uma das surpresas produzidas pela crise mundial destes dias—, talvez o Paris opte por faturar alguma coisa com a saída de seu jogador mais caro, em vez de, terminado o contrato, simplesmente vê-lo partir no primeiro avião.

Outras veredas possíveis: utilizar artigos da legislação internacional sobre transferências de atletas ou levar a demanda ao judiciário francês. É improvável que os advogados do jogador escolham qualquer dessas opções. Consideradas as circunstâncias, a possibilidade de o Barcelona voltar a ter Neymar parece um pouco maior do que no ano passado. É o que Messi espera. Daqui a pouco mais de dois meses, o craque argentino chegará aos 33 anos. Já não é tempo de ele carregar sozinho o peso de ganhar títulos.

Fonte: Folhapress

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