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A eterna crise da leitura

Para Michel de Certeau, a leitura é um jogo colaborativo estabelecido entre o escritor e o leitor no qual o primeiro antecipa a ação do segundo e espalha indícios que para fazerem sentido, precisam ser recolhidos e organizados pelo segundo.

 

Minha experiência de sala de aula em faculdades de Pedagogia tem revelado um comportamento (a nosso ver preocupante) por parte de uma parcela considerável de aluno/a/s de graduação e que repercute negativamente na formação de leitor/e/a/s-mirins (potenciais aluno/a/s desse/a/s profissionais): a falta de intimidade com a leitura.

 

Se levarmos em conta que serão esse/a/s profissionais que lidarão diretamente com crianças, em sua maioria oriundas de classes menos favorecidas, para as quais a leitura não faz parte das preocupações  familiares, estamos diante de um problema de graves proporções não apenas pedagógicas, mas vivenciais.

 

É preciso procurar compreender algumas das causas da ‘não leitura’ ou da ‘baixa qualidade de leitura’, ao mesmo tempo em que se possa apontar para a necessidade de um ensino pautado, dentre outras coisas, na ludicidade que, aliada ao ensino da literatura infantil (juvenil), por profissionais competentes, bons/boas leitore/a/s, possamos, efetivamente, vislumbrar possíveis vias de equacionar e atacar  a assim chamada ‘eterna crise da leitura’.

 

A baixa quantidade/qualidade  de leitura vivenciada por aluno/a/s dos Cursos de Pedagogia (mas no ensino como um todo), embora não seja uma questão recente, nos últimos anos vem sendo alvo de um número crescente de artigos e livros que procuram compreender essa problemática por vários ângulos. A questão, pois, por si só, já seria preocupante.

 

O grau de complexidade e de preocupação, contudo, aumenta se pensarmos que tais aluno/a/s serão em sua maioria futuros professore/a/s encarregado/a/s pela formação de leitore/a/s-mirins.

 

Diversos autores reconhecem tal problema como sendo parte de um todo maior: a ‘crise da leitura‘, uma vez que se trata de uma situação linguístico-pedagógica que inspira cuidado, como  bem o disse Ariano Suassuna em 1995.

 

Evidentemente que a chamada ‘crise da leitura‘ por ser multifacetada, isto é, vivenciada por vários atores sociais, requer também múltiplas abordagens enfocando ora um, ora outro desses atores.

 

Contudo, não se pode negar que as discussões sobre a leitura e suas práticas ocupam parte considerável das preocupações escolares, como lembra Vincent Perrot, 1990). Para encerra eu diria que devemos ler muito sobre a tal crise para dar a ela contornos de possíveis soluções.

ERNÂNI GETIRANA (ernanigetirana12@gmailcom) é professor, poeta e escritor. Membro das academias ALVAL e APLA (da qual é o atual presidente), pertence à UBE, IHGPI e aos coletivos literários Amigos da Literatura e Coletivo Literário de São Benedito, CE, é membro fundador do Coletivo P2. Autor de diversos livros, dentre eles “Lendas da Cidade de Pedro II” e (Livraria Entrelivros e Tenda da Cruviana). Escreve às quintas-feiras para o Portal News Piauí.

 

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