O 20 de novembro do ano da Graça de 2024 entra para a História como a primeira vez em que esta data passa a ser feriado no calendário nacional do país.
Desde 2011 já era considerada ‘dia da consciência negra’ por ser a data do nascimento de Zumbi dos palmares, líder negro que, ao fugir da senzala com outros escravizados, constituiu um dos principais focos de resistência ao sistema escravista.
Localizado a 9 km da Capital do estado de Alagoas, o quilombo dos Palmares foi fundado pela mãe de Ganga-Zumba, a princesa congolesa Aqualtune, no século XVI. Hoje o quilombo é reconhecido como patrimônio cultural do Mercosul. Mas nada disso aconteceu por acontecer.
O Movimento Negro Brasileiro foi o responsável por essa conquista, fruto de uma luta de anos. Na verdade, os escravizados e escravizadas lutaram o tempo todo contra a condição que lhes foi imposta pelo colonizador europeu que, para ampliar seus lucros capitalistas, condicionou todo um povo à condição de ‘coisa’ que podia ser comprada e vendida, com a anuência da Igreja Católica, não nos esqueçamos.
Último país a acabar com o regime de escravidão, que por 300 anos foi responsável pela chegada em terras brasileiras de mais de 5 milhões de indivíduos, o Brasil os largou à sorte.
Sem terra, sem instrução formal, sem emprego, os afrodescendentes se refugiavam nas periferias das cidades, constituindo as favelas. Presos acusados de ‘desocupados’ abarrotaram as prisões do país, ou foram, como ainda o são, vítima da violência policial extremada.
Como podemos perceber, essa questão é bastante complexa e não pretendemos esgotá-la em um texto.
Nesse sentido, ocorreu ontem à noite, 20/11, no Centro Espírita de Umbanda Pedro de Alcântara a quinta edição do projeto ‘Gira’. Participamos da mesa de honra juntamente com os escritores Cleomar Leite, Romualdo Galiano, a enfermeira Karen Gonçalves, o jovem ator Marcus Silvertani (Grupo Urutau), a mãe de santo Dona Moça e a filha de fé Islane.
O ‘projeto Gira’ tem como organizadores Rosâne Getirana, Rita Nascimento e Romualdo Galiano. Depois das palestras houve apresentação do Grupo de Teatro Urutau e, finalmente a Gira em si mesma.
O evento contou com a participação de diversos médiuns do centro espírita, assim como de outros convidados e convidadas. São eventos como esse que podem quebrar preconceitos, aproximar as pessoas mediante o respeito mútuo, e exercitar a capacidade de sermos resilientes, sem deixarmos de ser atuantes e antenados.
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. Faz parte das academias APLA e ALVAL, além do IHGPI. É membro fundador do Coletivo P2. Autor, dentre outros livros, de Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Gestor da ‘Tenda da Cruviana’.