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Itamaraty rebate China e pede retratação após críticas de embaixada

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, divulgou nota nesta quinta-feira (19) nas redes sociais para criticar a posição da Embaixada da China no Brasil frente às declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

No final da manhã de ontem, Eduardo Bolsonaro comparou a pandemia do novo coronavírus ao desastre na usina nuclear de Chernobyl, nos anos 80. Em seu Twitter, fez um paralelo da situação política da União Soviética da época com a da China atual.

“Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa”, escreveu. “A culpa é da China e liberdade seria a solução”, acrescentou.

Também no Twitter, o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming repudiou com veemência a publicação, exigindo uma retratação e prometendo protestar junto ao Itamaraty e à Câmara dos Deputados. A própria embaixada também divulgou uma nota direcionada a Eduardo Bolsonaro na rede social.

“Lamentavelmente, você é uma pessoa sem visão internacional nem senso comum, sem conhecer a China nem o mundo. Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob a pena de tropeçar feio”, escreveu a representação diplomática.

Na noite de ontem, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu desculpas à China e ao embaixador chinês pelas “palavras irrefletidas” de Eduardo Bolsonaro.

“A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia. Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países. Torço para que, em breve, possamos sair da atual crise ainda mais fortes”, comunicou.

Hoje, porém, o Itamaraty criticou a China em nota. Nas redes sociais, Ernesto Araújo se isentou de responsabilidade pela publicação feita pelo filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e anunciou “a insatisfação do governo brasileiro” com a China.

Segundo a nota do ministro, “é inaceitável que o Embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao Chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores, como infelizmente ocorreu ontem à noite”.

A introdução do texto de Araújo dizia respeito a uma mensagem publicada pela Embaixada e compartilhada por Wanming, que dizia: “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos”.

“As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas também em postagem ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro”, acrescenta Araújo.

“Cabe lembrar, entretanto, que em nenhum momento ele ofendeu o Chefe de Estado chinês. A reação do Embaixador foi, assim, desproporcional e feriu a boa prática diplomática.”

Segundo o titular do Itamaraty, o embaixador chinês em Brasília já foi comunicado a respeito da insatisfação com o comportamento nas redes sociais. “Temos expectativa de uma retratação por sua repostagem ofensiva ao Chefe de Estado”, escreveu.

Araújo diz ainda na nota que o Brasil “quer manter as melhores relações com o governo e o povo chinês, promover negócios e cooperação em benefício recíproco, sem jamais deixar de lado o respeito mútuo”. Por fim, prontificou-se a conversar com o deputado e com o embaixador “procurando promover um reentendimento recíproco”.

Fonte: Folhapress
Foto: Alan Santos/PR

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