O ex-policial penal Jorge Guaranho, réu por matar o guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, foi liberado da penitenciária na sexta-feira (13).
Ele estava preso no Complexo Médico Penal de Pinhais desde agosto de 2022 e, na quinta-feira (12), a Justiça autorizou prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e meio que resultou em perigo comum, e aguarda julgamento, previsto para fevereiro de 2025.
Na noite de 9 de julho de 2022, Marcelo Arruda comemorava o aniversário de 50 anos em uma festa com o tema PT, quando foi baleado pelo ex-policial – na época apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Imagens de câmeras de segurança registraram o assassinato. Assista acima.
A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná acatou um pedido da defesa do réu, que responde por homicídio duplamente qualificado e aguarda julgamento.
No entendimento dos desembargadores, o Complexo Médico Penal de Pinhais não possui a estrutura necessária para oferecer a assistência necessária a Guaranho.
O alvará de soltura foi expedido na tarde de sexta-feira (13). Entre as medidas cautelares, estão proibição de se ausentar do domicílio, exceto para tratamento médico, e proibição de sair de Curitiba, onde vai ocorrer o julgamento. Saiba mais sobre o julgamento abaixo.
No pedido, a defesa de Guaranho alegou que o ex-policial necessita de tal medida para que possa fazer tratamentos médicos diversos devido a lesões causadas pelos disparos e posteriores agressões sofridas pelo réu por convidados da festa de Marcelo Arruda.
“Jorge Guaranho agora poderá realizar o devido tratamento em sua residência, acompanhado por seus familiares, enquanto segue monitorado eletronicamente. Tal medida visa preservar sua integridade física, assegurando ao mesmo tempo que ele continue à disposição da justiça”, afirma a defesa.
Por meio de nota, os advogados que representam a família da vítima afirmaram que receberam a notícia com angústia. Destacaram ainda que esperam que o réu cumpra as condições impostas pelo Tribunal de Justiça.
“A família da vítima já não suporta tamanho sofrimento, seja pela ausência de Marcelo, ou, ainda, por não ver o seu assassino cumprindo pena pelo crime tão brutal que decidiu praticar. O que fica, nesta tarde, é o sentimento de muita tristeza por precisar acalmar a família de Marcelo, absolutamente devastada pela notícia”, afirma a nota.
Júri transferido e adiado várias vezes
Em junho, a Justiça decidiu transferir para Curitiba o júri popular do ex-policial penal. A decisão atendeu a outro pedido da defesa do réu.
Inicialmente o julgamento seria na cidade onde o crime aconteceu, porém, a defesa argumentou que a realização do julgamento em Foz do Iguaçu possibilitaria o risco de parcialidade dos jurados convocados.
O julgamento já foi adiado várias vezes. Inicialmente o júri que analisaria o caso estava marcado para 7 de dezembro de 2023.
Depois, foi remarcado para o dia 4 de abril de 2024. Nesse dia, o julgamento começou, mas foi suspenso depois de a defesa do ex-policial penal não ter pedidos aceitos pelo juiz e abandonar o plenário.
Por fim, o julgamento foi remarcado para o dia 2 de maio de 2024, mas, em 26 de abril foi novamente suspenso atendendo ao pedido da defesa de Guaranho de mudar o local do júri.
Em agosto, o júri foi remarcado para 11 de fevereiro de 2025, a partir das 10h, no Tribunal do Júri de Curitiba, podendo se estender para os dias 12 e 13, se necessário.
Como foi o crime?
Segundo a polícia, em 9 de julho de 2022, Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda e os dois discutiram.
Cerca de 10 minutos depois, o policial penal voltou ao local e, armado, disparou contra Marcelo, que revidou usando a arma que portava. Câmeras de segurança registraram parte da ação. Veja acima.
O guarda municipal foi socorrido, mas morreu na madrugada seguinte. Marcelo deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles era um bebê com pouco mais de 40 dias.
Após o crime, Guaranho foi agredido por convidados presentes na festa de Marcelo. Ele foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu até ter alta e ser encaminhado ao Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde está preso desde agosto de 2022.
O infográfico abaixo mostra a ordem dos acontecimentos do crime, segundo a Polícia Civil: