Uma tradição de 50 anos da TV brasileira vai acabar neste 2024: o cantor Roberto Carlos vai apresentar pela última vez seu especial de fim de ano na Globo, em dezembro, com um show a ser gravado um mês antes no Allianz Parque, em São Paulo. A partir de 2025, a Globo exibirá apresentações de artistas diferentes a cada final de ano. As informações foram confirmadas em primeira mão ao Notícias da TV.
Apesar do fim do especial natalino, Roberto Carlos, de 83 anos, permanecerá vinculado contratualmente à Globo. Fará participações especiais e eventuais em programas da casa. Isso não o impedirá de se apresentar em atrações das concorrentes, diferentemente do que aconteceu nas últimas cinco décadas, sob protestos –em 2001, por exemplo, a MTV não pôde exibir um Acústico (e a Globo fez um especial de fim de ano igual). Mas o “rei” não poderá ter um programa seu ou especial fora da emissora.
Exibido pela primeira vez em 25 de dezembro de 1974, o musical só não foi ao ar em 1999, por causa da morte da mulher do cantor, Maria Rita; em 2020, devido à pandemia de Covid, foi reprisado o de 2011, gravado em Jerusalém.
O programa perdeu força nas duas últimas décadas, é verdade, mas nos anos 1970 e 1980 era um grande acontecimento, fazia parte da agenda de Natal das famílias. Virou uma plataforma para lançamento de novos hits e de campanhas, como Ano Internacional da Criança (1979), apresentado em Um Milhão de Amigos, título do programa de 1978.
Ao longo de sua história, variou de formatos e de lugares, mas o musical e o Rio de Janeiro predominaram. Com a grandiosidade de público que o estádio do Palmeiras permite, o show de despedida, em novembro, marcará o retorno do Roberto Carlos Especial a São Paulo depois de 15 anos –desde 2009, quando a gravação ocorreu no Ginásio do Ibirapuera.
A Globo, por questões de logística, preferia captar o especial derradeiro no Maracanã, mas não conseguiu espaço na agenda no estádio.
Globo incrementa calendário musical
Definida a despedida de Roberto Carlos e após retornar de Paris, onde acompanhou os jogos em um intercâmbio com a rede norte-americana NBC, o diretor dos Estúdios e da TV Globo, Amauri Soares, dedica-se agora a realizar mudanças estruturais na área musical, para ampliar a presença da música na TV, e a montar um megacalendário de programação musical.
Além dos grandes festivais, como o Lollapalooza, e do programa Som Brasil, a Globo exibirá em 2025 shows em gravados em estádios e em seus estúdios, que fecham um pacote com o Circuito Sertanejo e festivais e espetáculos regionais –muitos desses restritos às respectivas regiões.
Com eventos de terceiros e shows proprietários, o calendário de janeiro a janeiro da Globo quer oferecer uma “visão consolidada e estruturada de tudo o que produzido no território da música”.
As novidades começam a aparecer no final deste ano. A Globo está em negociações avançadas para ter um especial de Gusttavo Lima, mas não será um teste para o sertanejo ficar no Roberto Carlos. O “rei” não terá substituto no singular; serão artistas diferentes a cada temporada de festas.
