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Exército diz que é impossível cravar divisa de Piauí e Ceará e adia litígio

O Exército apresentou nesta sexta-feira (28) ao STF (Supremo Tribunal Federal) o relatório de perícia que fez dentro da ação que trata do litígio da divisa entre os estados de Piauí e Ceará e não apresentou um marco técnico como esperado.

 

Depois de nove meses de estudos e análise de 90 documentos cartográficos, dentre mapas históricos, cartas e bases vetoriais produzidos entre 1760 e 2022, o Exército diz que “não foi possível definir a localização exata da linha de divisa entre os dois Estados”.

“Porém pode-se inferir que ela foi representada na maior parte dos mapas não passando pelo divisor de águas da Serra da Ibiapaba, mas sim pela porção oeste da mesma.” Exército Brasileiro

A serra da Ibiapaba era apontada pelo Piauí, autor da ação, como o ponto correto da divisa entre os estados. A porção oeste seria piauiense, e a leste, cearense.

Parte dessa área que o Piauí luta teria sido ocupada irregularmente pelo Ceará ao longo dos anos, sem qualquer marco regulatório de mudança de divisa.

Município de Viçosa do Ceará inserido no topo da Serra da Ibiapaba Imagem: Governo do Ceará

Desde 2011, Piauí e Ceará travam duelo em uma ação no STF proposta pelo lado piauiense, que contesta a titularidade do Ceará de uma área de 2.874 km². Na área vivem 25 mil moradores em 13 municípios, que mudariam de estado caso haja alteração de divisa.

Cinco opções

No relatório, o Exército fala que foram analisadas “cinco possibilidades de divisas, cada uma com uma origem diferente, de forma a tentar abarcar o máximo de soluções possíveis para a resolução do litígio”.

“Cada uma delas possui vantagens e desvantagens, que foram analisadas com base nos dados levantados no terreno pela equipe da Perícia e nos dados censitários do Censo do IBGE 2022. Por fim, entende-se que a solução das Regiões Complementares deve ser adotada em conjunto com a das Áreas de Litígio, de forma a criar e manter as condições necessárias para o crescimento da região.” Exército

O documento é assinado pelo general de brigada Marcius Gualberto Mendonça Junior, diretor do Serviço Geográfico Exército. O documento foi pedido pela ministra Carmen Lúcia, relatora do processo.

Imagem: Arte UOL

A ação

O governo do Piauí alega que a divisa entre os estados deveria ter como base a Serra de Ibiapaba, mas no mapa atual boa parte da área a leste está sob posse do Ceará. Dessa região, 76% pertenceriam ao Ceará e 24% ao Piauí.

Após tentativas de conciliação sem sucesso, a relatora do caso, ministra Carmen Lúcia, determinou que o Exército fizesse uma perícia, que foi iniciada em outubro de 2023. O estudo foi pago pelo Piauí.

 

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