Maria da Penha Maia Fernandes será incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), após receber uma série de ameaças de internautas de extrema-direita nas redes sociais. O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), afirmou que a casa onde aconteceu o crime dela será transformada em um memorial de combate à violência contra a mulher.
Os ataques em questão questionam, com base em fake news, as duas tentativas de feminicídio sofridas por Maria, e disseminam discursos de ódio contra as mulheres. Em visita ao Ceará, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, discutiu com Maria da Penha o que poderia fazer para protegê-la diante das ameaças, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira, 7, pelo jornalista Jamil Chade do Uol.
“A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de seguir comprovando, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram nas mãos de seus atuais ou ex-companheiros, mesmo após eles terem sido julgados e condenados. Da mesma forma, insiste na falácia de ‘ouvir o outro lado’, ou seja, os agressores condenados, criando uma onda de ódio e fake news sobre elas e contra elas”, disse a ministra ao portal.
Ainda segundo ela, Maria da Penha é um “símbolo de resistência e avanço na luta pelos direitos das mulheres”. “Tenho insistido que é fundamental que todos, sociedade e Estado, reafirmem o compromisso de não revitimizar mulheres vítimas de violência. E isso inclui preservar sua história e memória. Esta semana demos um passo fundamental nessa direção”.
“Manifesto todo o meu apoio a essa grande mulher, que transformou a dor de ter sido vítima em força para lutar contra a violência motivada pelo machismo”, disse o governador em seu perfil no Instagram.
O Terra tentou contato com a assessoria de Maria da Penha para que possa falar sobre o assunto, mas não obteve sucesso. Ao Uol, ela lamentou ter que lidar com os ataques e apontou que o ódio contra ela e a lei não prejudicam somente a ela, mas a todas as mulheres brasileiras.
“A lei é considerada pela ONU como uma das três leis mais avançadas do mundo no enfrentamento à violência doméstica. […] O que me fortalece é saber que não estou sozinha na defesa da lei Maria da Penha. Temos muitas pessoas comprometidas verdadeiramente com esta causa e isso nos fortalece a cada dia”, disse.