A palavra ‘trabalho’ etimologicamente está ligada a um instrumento de tortura composto por três paus usado durante o Império Romano, o tripalium ou tripalus, que os senhores da elite usavam contra os prisioneiros de guerra que não queriam construir as fortalezas, as fontes de água, os jardins monumentais destes.Originalmente o tripalium era usado para a imobilização de cavalos e bois.
Em sociedades chamadas de primevas que habitavam a África, Ásia e Américas (indígenas, por exemplo) e mesmo em sociedades medievais europeias, não se conhecia o trabalho como nós, que pertencemos a uma sociedade capitalista, o conhecemos.
As pessoas em uma sociedade primeva, ancestral, não tinham o conceito de ‘acumulação’, nem o conceito de ‘propriedade privada’ e muito menos o conceito de ‘mercadoria’, como bem o observou Karl Marx. As coisas tinham uma função utilitarista (função de uso), apenas.
Uma data como a de hoje, ‘dia do trabalhador’ (ser concreto), e não ‘dia do trabalho’ (que é um ente abstrato) marca a memória de uma greve feita por trabalhadores em Chicago, Estados Unidos, no ano de 1886, que reivindicavam melhores condições de trabalho. O evento é também conhecido como Revolta de Haymarket e ao fim da greve houve detonação de uma bomba que matou grevistas e policiais.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os Estados Unidos, por deter metade do ouro do mundo, imporia com mão de ferro o capitalismo a boa parte do planeta. Com o fim do socialismo real (União Soviética), o sistema capitalista englobaria todo o mundo, por assim dizer. E chega aos dias de hoje sob a forma camaleônica do Neoliberalismo e do rentismo (todos contra todos, cada um por si, empreendedorismo exacerbado, os pobres esquecidos e descartados, etc.).
Nesse sentido, o 1º de maio é um dia para reflexão sobre nossa vidas de trabalhadores e de trabalhadoras. Onde estão nossos sonhos, desejos, ideais? Cadê o jovem que fomos um dia e que sonhava com dias melhores? Num mundo de muita incerteza no qual o atual presidente dos EUA toca fogo em tudo e fica rindo, num mundo onde a precarização do trabalho galga feito fogo em capim seco, num mundo onde a inteligência artificial rouba postos de trabalho, o 1º de maio parece ter se tornado mais uma mercadoria desengonçada e raquítica. Ou não.
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor aposentado do estado (ainda leciona na rede municipal de educação), poeta e escritor. Presidente da APLA – Academia Pedro0segundense de Letras e Artes, membro da UBE-PI, ALVAL e do IHGPI. Formado em Letras pela UFPI, onde também Fe mestrado. Membro fundador do Coletivo P2. Pertence aos coletivos ‘Amigos da Literatura’ e Coletivo Literário de São Benedito, CE. É autor, dentre outros livros de “Debaixo da Figueira do Meu Avô” (Livraria Entrelivros, Teresina). Atualmente prepara três novos livros, dente estes “História, Geografia e Literatura de Pedro II, Piauí”. Escreve às quintas-feiras para o Portal News Piauí.