A onça-pintada que teria atacado e matado um homem no Pantanal (MS) na última segunda-feira (21) foi capturada nesta quinta-feira (24) e encaminhada para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande, para realizar avaliações médico-veterinárias. De acordo com o boletim médico divulgado pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o animal apresenta alto grau de desidratação, deficiência hepática e mau funcionamento dos rins. A onça, que pesou 94 quilos no momento da captura, também está abaixo do peso e, segundo especialistas, um animal deste porte e idade (estimada) deveria pesar pelo menos 120 quilos.
O médico veterinário Gediendson Araújo, especialista em animais de grande porte, e que participou da captura do animal três dias após o incidente, disse que no CRAS, assim que chegou, o animal, que é um macho, teve amostras de sangue e fezes coletadas e exames para avaliar a sua saúde física e sanidade mental ainda estão sendo realizados. Além dos exames, também está sendo feita uma investigação pela Polícia Civil, para confirmar o ataque que causou a morte do caseiro.
Segundo Araújo, o animal foi capturado com uso de armadilhas no local onde houve o ataque. “Optamos por fazer a captura no mesmo local onde o animal esteve na noite anterior, para poder ter a maior certeza que era o animal que a gente buscava. É o mesmo animal que estava na área, porque a gente viu as pegadas, era o mesmo biótipo”, contou Araújo.
As causas do ataque estão sendo avaliadas pelas equipes, mas Araújo relata que a onça-pintada apresentava um comportamento atípico de convivência com o ser humano. “É um caso muito atípico, mas está muito relacionado a presença e aceitação de um animal silvestre à presença de humanos. O animal perdeu o medo de ver o homem como um predador, e acabou tendo essa situação com esse desfecho. Então a coisa é incomum de acontecer, são poucos os relatos, e é uma pena que teve uma perda humana”, disse Araújo.
A situação da convivência do animal com humanos – e a alimentação oferecida para a onça, que é conhecida como ceva – é um ponto de atenção no caso. “A ceva é uma ação proibida na legislação estadual e federal”, afirmou o tenente Alexandre Saraiva Gonçalves, comandante do pelotão de Porto Murtinho da PMA.
