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Leal Júnior, a voz que se cala

Ainda nem nos refizemos do abalo provocado pelo inesperado falecimento do colega e amigo Wagner Santos, ocorrido na noite de quarta-feira (26/03), e somos surpreendidos por mais uma triste notícia, a do falecimento de outro amigo muito estimado, o ex-deputado Leal Junior.

 

Ele faleceu na noite de ontem (27/03), aos 76 anos, em Teresina, também vítima de infarto, no hospital onde estava internado há oito dias.

Desde que pendurou a chuteira na política, Leal Júnior vinha travando uma luta hercúlea pela vida.

Há pouco mais de 5 anos, passou por um transplante de fígado e, desde então, enfrentava graves comorbidades. Nessa situação, enfrentou também a Covid-19.

Esporte e comunicação

Formado em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Leal Júnior atuou como assessor jurídico da instituição e chefiou diversos órgãos estaduais.

Mas foi no meio esportivo e na comunicação que ele ganhou projeção, antes de se tornar político.

Presidiu a Fundação de Assistência Geral aos Desportos do Estado do Piauí (FAGEPI).

Também atuou como juiz do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação de Futebol do Piauí e presidiu o Esporte Clube Flamengo.

E foi comentarista esportivo na TV Clube por vários anos.

Vida pública

Durante o primeiro governo de Hugo Napoleão (1983-1986), foi secretário de Comunicação Social.

Mais adiante, acompanhou Hugo, como chefe de Gabinete, quando o senador ocupou o Ministério da Educação, no Governo Sarney.

Voltou à Secretaria de Comunicação Social no governo Freitas Neto (1991-1994).

No segundo Governo Hugo Napoleão (2001 – 2002), foi secretário de Governo.

Um tribuno

Leal Júnior teve uma atuação marcante na Assembleia Legislativa, na sucessão de seu pai, Sebastião da Rocha Leal, um dos grandes nomes da velha guarda da política piauiense e também um dos ícones da Casa, que presidiu em 1993, falecendo no exercício do cargo.

Assim, Leal Júnior foi eleito deputado estadual pelo PFL em 1994, 1998 e 2002.

No governo ou na oposição, foi sempre um parlamentar atuante e atento.

Um dos maiores tribunos que já passaram pela Assembleia. Talvez o último.

Bom de debate. Argumentava com segurança no exercício de sua oratória privilegiada, quando ocupava a tribuna ou dava apartes.

Incisivo, mas respeitoso com o oponente.

O único piauiense que presidiu a União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), fundada em 1996 para congregar os 1059 deputados estaduais de todo o país e as 27 casas legislativas dos estados brasileiros.

Seu mandato na presidência da instituição foi de 2004 a 2005, com muitas realizações.

Café de domingo

Em minha atividade jornalística, mais peguei no pé do que favoreci Leal Júnior. Jamais se portou diferente comigo, compreendendo perfeitamente meu papel de analista político.

Incontáveis vezes me deu conta de que Dona Dulcinéia, sua querida mãe, lia e comentava meus artigos e minhas notas no café da manhã.

Até que a saúde assim o permitiu, Leal Júnior, já no pijama, era frequentador assíduo de um café itinerante que tínhamos aos domingos.

Participavam da roda o prefeito Firmino Filho, o conselheiro Kennedy Barros (TCE), o desembargador Arnaldo Boson (TRT), o ex-conselheiro Sabino Paulo; o psiquiatra Carlos Francisco e outros amigos.

As pautas das conversas eram as mesmas – futebol e política –, mas sempre havia algum lance interessante a discutir e a sacudir o espírito fraternal da roda.

O bordão

Depois que deixou a política, Leal Junior retornou à televisão como analista político da TV Meio Norte, onde passou uma boa temporada.

Quando foi comentarista esportivo na TV Clube, entre o final da década de 1970 e o início da seguinte, Leal Júnior, na introdução de um comentário, usava com frequência o bordão “Me causa espécie”, para manifestar sua surpresa ou estranheza com determinado fato.

Anos depois, passei a usar o bordão em meus artigos, atribuindo a autoria ao seu legítimo dono. Ele recebia a citação com alegria, pois gostava de saber que sua frase ainda era lembrada mesmo tanto tempo depois de afastado do vídeo.

Volto a repetir o bordão: me causa espécie que Leal Júnior tenha partido tão cedo.

Nosso abraço e nossa solidariedade a Maria Victória, sua esposa, e aos filhos Juliana, Ana Flávia, Leonardo e Leal Neto.

Que o Senhor da Vida, em sua infinita bondade, tenha misericórdia de sua alma e a acolha em seu Reino de Luz!

Fonte: zozimotavares.com

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