A Petrobras elevou em mais de 6% o preço médio do diesel para distribuidoras, para 3,72 reais por litro a partir de sábado, no primeiro ajuste do valor do combustível fóssil em mais de um ano.
A companhia não ajustava o diesel, combustível mais consumido do país, desde 27 de dezembro de 2023, quando cortou em 7,9% o valor do produto em suas refinarias. O último aumento ocorreu em outubro de 2023.
O ajuste está “bem em linha” com as projeções, disse o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, à Reuters.
A consultoria calculou mais cedo que a defasagem dos preços da estatal ante a paridade de importação estava em cerca de 25 centavos, e lembrou que o reajuste foi de 22 centavos.
“O reajuste… já leva em consideração um recuo recente dos preços do barril do petróleo e uma apreciação do real”, disse Melo, avaliando que a companhia deixou passar momentos de grande volatilidade para ajustar o valor.
“Com isso, na nossa avaliação, os preços do diesel voltam para a paridade.”
O ajuste ocorre após reportagens na mídia terem indicado ao longo da semana que a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, teria avisado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre um reajuste do diesel, e que ele teria dado um aval. Na véspera, Lula disse a jornalistas que a Petrobras é responsável por reajustar preços e que ele não precisa ser avisado.
A Petrobras adota atualmente uma estratégia comercial que visa evitar repassar volatilidades internacionais ao mercado interno, considerando também seus ativos, logística e cotações internacionais, além de questões relacionadas a participação de mercado, segundo a empresa.
O consultor em Gerenciamento de Riscos da StoneX Gabriel Chaib afirmou que foi um ajuste “pré-anunciado”.
“Estamos esperando uma demanda forte de diesel para a safra, um reajuste pela Petrobras elimina qualquer possibilidade de escassez de produto nesse período. Hoje o produto está em plena paridade com o produto importado”, afirmou Chaib.
O repasse do aumento do preço da Petrobras aos consumidores finais nos postos depende de uma série de fatores, incluindo cobrança de impostos, mistura de biodiesel e margens de lucro da distribuição e da revenda.
Além disso, o mercado brasileiro também é suprido por algumas refinarias privadas e por importações.