Marina Colasanti é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira nascida na então colônia italiana da Eritreia, em 26 de setembro de 1937. Viveu sua infância na Líbia e então voltou à Itália onde viveu onze anos, quando então sua família veio morar no Brasil. Além de escritora foi também, contista, jornalista, tradutora e artista plástica.
Seu livro de estreia foi ‘Eu Sozinha’, de 1968. Ganhou, dentre outros prêmios: “APCA (1979), FNLIJ (1982), FNLIJ (1988), FNLIJ (1989), FNLIJ (1990), FNLIJ (1991), FNLIJ (1993, Jabuti (1993), Concurso Latinoamericano de Cuentos para Niños (1994) — Costa Rica, Jabuti (1994), FNLIJ (1994), Norma-Fundalectura (1996) — Colômbia, Jabuti (1997), FNLIJ (1998), Mejores del Año (1998) — Venezuela, Orígenes Lessa (2001), Monteiro Lobato (2002), Orígenes Lessa (2003), IBBY Honour List (2004) — Suíça, FNLIJ (2004), Ordine della Stella della Solidarietà Italiana (2005) — Itália, Odylo Costa Filho (2008), Alphonsus de Guimarães (2009), Mejores del Año (2010) — Venezuela, Orígenes Lessa (2010), Jabuti (2010), Jabuti (2011), FNLIJ (2013), Ofélia Fontes (2014), Jabuti (2014), Orígenes Lessa (2015), Monteiro Lobato (2015), IBBY Honour List (2015) — Suíça, Fundación Cuatrogatos (2016) — Estados Unidos, Prêmio Iberoamericano SM (2017), Selo Cátedra (2017).
Sua poesia contundente faz estradas, abrE vias pelo universo feminino, como no poema “Às seis da tarde”, que reproduzimos aqui. Foi casada com o também escritor Affonso Romano de Santana, a quem, como dizia, entregava os originais do que escrevia antes de enviá-los ao editor. Leiamos Marina:
Às seis da tarde
Às seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.
Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam de trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução.
Marina Colasanti partiu nesse 28 de janeiro de 2025. Mas sua poesia, sua obra fica entre nós, para a nossa sorte. “Antes que” é outro de seus poemas que reproduzimos aqui.
Fotos: redes sociais
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. Presidente da APLA – Academia de Letras e Artes de Pedro II, membro da UBE-PI, ALVAL e do IHGPI. Formado em Letras pela UFPI. Membro fundador do Coletivo P2. Pertence aos coletivos ‘Amigos da Literatura’ e Coletivo Literário de São Benedito, CE. É autor, dentre outros livros de “Debaixo da Figueira do Meu Avô” (Livraria Entrelivros, Teresina). Escreve às quintas-feiras para o Portal News Piauí.