35.8 C
Teresina
quinta-feira, novembro 14, 2024
Dengue
InícioCulturaO poeta Salgado Maranhão fez 71

O poeta Salgado Maranhão fez 71

O poeta José Salgado Santos, o Salgado Maranhão, nasceu em Caxias, Maranhão, em 13 de novembro de 1953. Nos dias que correm, Salgado é um dos principais expoentes da poesia nacional. Assíduo participante do SALIPI (Salão do Livro do Piauí), é um homem educado, afável, de conversa mansa e envolvente. É uma dessas pessoas de quem a gente gosta de ser amigo.

 

Mais precisamente o poeta nasceu em um quilombo, conviveu com cantadores, foi criado pela mãe, aprendeu a ler aos quinze anos e aos 19 já publicava em jornais de Teresina. Foi morar no Rio de Janeiro por conselho de Torquato Neto, onde se formou em jornalismo e, sobretudo, se enturmou com o pessoal da Tropicália e da Poesia Marginal. Ganhou dois prêmios Jabuti e já concorreu à Academia Brasileira de Letras.

O professor Cineas Santos, que o chama de ‘José’ não cansa de tecer elogios ao bardo da terra de Gonçalves Dias e diz que sua poesia ‘possui densas camadas de significados’.

Autor de dezesseis livros de poesia (o mais recente é uma seleta denominada ‘A Voz que Vem do Poros’), este poeta já possui há algum tempo uma vida internacional. Sua poesia é traduzida nos Estados Unidos e Europa. Outra faceta de Salgado Maranhão é a de letrista de inúmeras canções com gente como Paulinho da Viola, Alcione, Ivan Lins, Zeca Baleiro, dentre outros.

Mas falar de um poeta é também ler seus poemas. Então está bem.

LADAINHA

Não secarás as raízes
do teu sopro
no abismo da noite púrpura;
não seguirás o fantasma
que atravessa os trilhos;
não cantarás aos muros de arrimo
tua fantasia de pássaro.

Escarpado é o chão
dos teus sapatos;
escarpado é o azul
rabiscado de estrelas;
escarpada é a rima
que lateja a alegoria
da palavra.

 

PALAVRA
a palavra coexiste no dilúvio
ao açoite do sangue nas pedras.
a palavra é a pedra – o arquétipo
que dança.
e o tempo do fogo flama
e a memória das águaslavra
en/canto e plenilúnio.
a palavra lavra o tempo
naja imaginária
submersa no invisível mar,
godiva do cais dos loucos
deusa do silêncio.
a palavra em si é cio
virtude
a divertir o vício
de saber saber.
(Palávora, p. 23)


ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É acadêmico da APLA e da ALVAL. Membro do IHGPI. Membro fundador do Coletivo P2. Escreveu dentre outros livros ‘Lendas da Cidade de Pedro II’. Escreve para este portal sempre

Comentários

Redação
Redaçãohttps://newspiaui.com
PIAUÍ NO NOSSO CORAÇÃO!
VEJA TAMBÉM
- CET -spot_img
- PROCAMPUS -spot_img

MAIS POPULARES

SEBRAE - PI