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Autópsia mostra que líder do Hamas foi morto com um tiro na cabeça, diz NYT

O relatório da autopsia feita no corpo de Yahya Sinwar, líder do Hamas, mostrou que ele foi morto com um tiro na cabeça. As informações foram publicadas pelo jornal The New York Times, nesta sexta-feira (18).

O que aconteceu

Além do ferimento na cabeça, Sinwar tinha estilhaços em um dos braços. De acordo com o diretor do Instituto Forense Nacional de Israel, Chen Kugel, o líder do Hamas foi atingido no braço por soldados israelenses. Kugel supervisionou a autopsia do corpo de Sinwar.

Ferimento no braço causou intenso sangramento. Estilhaços seriam provenientes de um pequeno míssil ou de projétil de um tanque. O chefe do grupo palestino teria tentado estancar o ferimento usando um fio elétrico como torniquete improvisado. Segundo Chen Kugel, “não teria funcionado de qualquer maneira”. “Não foi forte o suficiente e seu antebraço foi esmagado”, detalhou o diretor em entrevista ao jornal norte-americano.

Não há informações precisas sobre quem disparou o tiro e com qual arma. O diretor do instituto forense explicou que Sinwar estava relativamente pálido. Ele acredita que o líder do Hamas passou longos períodos na rede de túneis subterrâneos do grupo, em Gaza.

Ministro israelense publicou foto de Yahya morto Imagem: Reprodução de redes sociais

O chefe do grupo palestino não apresentava sinais de desnutrição. A autopsia revelou que ele estava com um peso saudável, mais de 70 kg. “Só quando saí de casa é que internalizei que este era o homem responsável por mais assassinatos do que qualquer outro na história do país”, disse Kugel ao New York Times.

Após a conclusão da autópsia, o corpo foi entregue aos militares israelenses. O jornal detalhou ainda que Israel guarda cadáveres de centenas de palestinos e espera um dia utilizar para uma futura troca com o Hamas e outros grupos armados.

Prédio onde líder do Hamas se escondia foi bombardeado

Vídeo foi divulgado pelas Forças de Defesa de Israel. Imagens mostram o momento em que o prédio onde estava Yahya Sinwar, líder do grupo extremista Hamas, é bombardeado por um tanque de guerra, na quarta-feira (16). O corpo dele só foi encontrado ontem durante uma varredura nos escombros do edifício.

Vídeo mostra tanque a poucos metros do prédio. Soldados não sabiam que estavam atirando contra Sinwar. Eles estavam em patrulha quando viram três homens fugindo de casa em casa em um bairro de Rafah, no sul de Gaza, e começaram uma perseguição. Eles só desconfiaram que o homem morto era Sinwar após uma varredura no local no dia seguinte.

Identidade de Sinwar foi confirmada por DNA. Um laboratório em Jerusalém analisou a arcada dentária para chegar ao resultado na quinta-feira (17).

Exército também divulgou imagens de armas encontradas no local onde Sinwar foi morto. Munições e três rifles foram localizados em meio aos escombros.

Armas encontradas no local onde Sinwar foi morto Imagem: Divulgação/IDF

Um drone registrou o líder do Hamas antes de ser morto. Imagens mostram Yahya Sinwar sentado em uma poltrona. Ele estava em um prédio destruído que já havia sido bombardeado por Israel.

Com o rosto coberto, o então líder do Hamas encara o drone. A filmagem, que dura 47 segundos, mostra que o combatente tenta atingir o equipamento israelense com um pedaço de madeira, mas não consegue.

O Hamas confirmou a morte de seu líder Yahya Sinwar nesta sexta-feira (18). O grupo afirmou não será derrotado. “Ele encontrou seu fim de pé, bravo, com a cabeça erguida, segurando sua arma de fogo, atirando até o último suspiro, até o último momento de sua vida”, afirmou o chefe do Hamas em Gaza, Khalil Hayya, em discurso transmitido pela TV. Ele acrescentou que Sinwar “sacrificou sua vida pela causa da nossa libertação”.

Yahya Sinwar foi morto após soldado notar atitude suspeita

Yahya Sinwar, líder do grupo extremista Hamas, momentos antes de ser morto Imagem: Reprodução/FDI

Atitude suspeita. Um soldado do Batalhão da Brigada Bislamach notou uma figura suspeita entrando e saindo de um prédio no bairro de Tel Sultan, em Rafah.

O soldado informou ao comandante do batalhão, que ordenou que as forças abrissem fogo contra o prédio. Um drone captou três homens saindo do prédio, tentando se deslocar de casa em casa. Dois avançaram na frente, abrindo caminho para o terceiro.

Soldados atiraram contra o trio. Dois fugiram para um prédio e um terceiro – que seria Sinwar – foi sozinho para um outro edifício. Tanques das Forças de Defesa de Israel abriram fogo contra os dois prédios.

O líder do Hamas é apontado como “arquiteto” do ataque terrorista de 7 outubro. Segundo o canal Al Jazeera, ele era considerado “inimigo número 1” de Israel desde então.

Fotos do corpo do líder do Hamas foram compartilhadas por ministro de estado. Em publicação nas redes sociais, Eli Cohen afirmou que Yahya “assinou a certidão de óbito em 7 de outubro”.

O corpo de Yahya Sinwar foi transferido nesta quinta-feira (17) para um necrotério em Tel Aviv. Segundo o governo, o corpo deve passar por “exames complementares” no Centro Nacional de Medicina Forense de Tel Aviv.

Morte não é o fim de guerra. O premiê israelense, Benjamin Netanytahu, considerou a morte do líder do Hamas como um “passo importante” no declínio do Hamas, mas alertou que isso não significa o fim da guerra na Faixa de Gaza. O premiê também prometeu aos sequestradores que “serão poupados” se os reféns israelenses forem libertados.

Yahya Sinwar durante inauguração de uma nova mesquita na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 24 de fevereiro de 2017 Imagem: SAID KHATIB/AFP

O líder do Hamas tinha 62 anos e nasceu em Khan Younis, uma cidade palestina situada no sul da Faixa de Gaza. Ele se uniu ao grupo extremista em 1987, pouco após a fundação do Hamas.

Pais dele foram alocados para campo de refugiados após criação de Israel. Eles eram moradores de Majdal Askalan, que tornou-se Ashkelon em 1948.

Em 1988, fundou o Majd, o serviço de segurança interna do Hamas. Um ano depois, foi preso e se tornou líder dos prisioneiros. Sinwar viu Israel eliminar seus mentores, como Ahmed Yassin e Salah Shehade, fundador das brigadas Ezzedin Al Qasam, o braço armado do Hamas. Seu nome estava na lista americana de “terroristas internacionais” e ele foi alvo de múltiplas tentativas de assassinato.

Condenado a 426 anos de prisão. Sinwar foi preso diversas vezes pelas Forças de Defesa de Israel por envolvimento na captura e no assassinato de soldados israelenses e de palestinos suspeitos de espionagem para o país vizinho.

Ele foi solto em um acordo de troca de prisioneiros em 2011. Durante seus 23 anos preso, ele aprendeu hebraico e se aprofundou em assuntos de política interna do país.

Ao deixar a prisão, ele rapidamente subiu na hierarquia do Hamas. Sua visão era de que Israel não era um inimigo político. Mas uma potência ocupante.

Sinwar assumiu a liderança do grupo no lugar de Ismail Haniyeh, morto em Teerã. O antigo líder do grupo extremista foi assassinado no fim de julho deste ano, quando cumpria agenda no Irã.

Sua morte representa um abalo importante para o Hamas e um ponto crítico para o conflito no Oriente Médio. O anúncio acontece em meio ao aumento da tensão na região.

Tensão no Oriente Médio aumenta

Israel bombardeia desde 23 de setembro as posições do Hezbollah no Líbano. O grupo xiita abriu uma frente de ataque após 7 de outubro em apoio ao Hamas. Após enfraquecer o Hamas em Gaza, o exército israelense deslocou a maior parte de sua operação militar para a frente libanesa.

Em quase um mês, ao menos 1.373 pessoas morreram no Líbano, segundo uma contagem baseada em dados oficiais. A ONU afirma que há cerca de 700 mil deslocados.

Mais de 40 mil mortos em Gaza. Pelo menos 42.438 pessoas morreram, a maioria civis, na ofensiva israelense em Gaza após o ataque de 7 de outubro de 2023, segundo os dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

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