O governo dos EUA alerta sobre a possibilidade de que ocorra um “ataque significativo” por parte do Irã contra alvos em Israel, enquanto reforça sua presença militar na região. As declarações e medidas adotadas por Washington ampliam a tensão internacional, enquanto negociadores e diplomatas temem que a ação militar iraniana jogue toda a região num conflito armado.
Nesta segunda-feira (12), o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que os EUA compartilham as “expectativas israelenses quanto à crescente probabilidade de que haja um ataque do Irã ou de seus representantes, talvez nos próximos dias”. Os ataques seriam retaliações por causa do assassinato, por parte de Israel, de líderes do Hamas e do Hezbollah.
Segundo o norte-americano, o cenário é de que Israel precisa estar preparado para o que pode ser “um conjunto significativo de ataques”. Na rede Fox News, fontes no Oriente Médio chegam a alertar que esse ataque poderia ocorrer nas próximas 24 horas.
Uma das suspeitas é que os ataques poderiam começar com uma ofensiva do Hezbollah, seguida horas depois pelo Irã. Não por acaso, Israel ampliou o envio de drones de reconhecimento sobre o território libanês, além de caças para sobrevoar o espaço aéreo libanês, numa demonstração de guerra psicológica.
Na semana passada, o UOL revelou o conteúdo de encontro promovido pelo governo do Irã com a comunidade diplomática. Na ocasião, as autoridades de Teerã indicaram que haveria uma resposta contra Israel. A retaliação seria por causa da morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, ocorrida uma semana antes na capital iraniana, além da morte de um dos comandantes do Hezbollah, em Beirute.
A reunião, organizada com os diplomatas estrangeiros, contou com a participação do Brasil, um dos poucos países ocidentais a manter uma representação em Teerã.
Na conversa, o chanceler iraniano, Ali Bagheri, foi claro:
“Nossa resposta será definitiva e decisiva. A República Islâmica do Irã escolherá por si mesma como responder à agressão israelense”, declarou.
Preparação e apelos por moderação
A iminência de um ataque vem levando os governos da região, os EUA e mesmo os europeus a se mobilizarem. Na Casa Branca, o alerta é de que tanto os EUA como a UE “reafirmaram seu compromisso com a defesa de Israel e a necessidade de estabelecer um cessar-fogo para levar os reféns para casa”.
A declaração dos americanos ocorreu depois que o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, informou seus aliados em Washington que os preparativos em Teerã apontam para um ataque em larga escala.
Como resposta, o governo americano despachou um submarino nuclear ao Oriente Médio. Em uma declaração após a conversa, o Pentágono disse que ordenou um reforço militar para a região e reafirmou o “compromisso dos Estados Unidos de tomar todas as medidas possíveis para defender Israel e observar o fortalecimento da postura e das capacidades da força militar dos EUA em todo o Oriente Médio à luz da escalada das tensões regionais”. As forças israelenses também passaram a proibir que soldados deixem o país de férias.
Desde a semana passada, o governo americano vem alertando seus parceiros de que o ataque iraniano poderia ocorrer. Washington iniciou uma operação para tentar recriar a aliança entre governos, capaz de interceptar eventuais mísseis de Teerã.
Enquanto isso, a agência Reuters indicou que o presidente Vladimir Putin teria conversado com o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pedindo que a retaliação não envolva a morte de civis israelenses. O temor é que a resposta faça eclodir uma guerra regional.
Nesta segunda-feira, foi a vez de os chineses viajarem para Teerã, também com um recado similar.
Enquanto isso, num comunicado conjunto, os líderes de França, Alemanha e Grã-Bretanha pediram a Teerã que se abstenha de qualquer ataque retaliatório que possa aumentar ainda mais as tensões regionais.
Pressão sobre o Irã
Numa ligação telefônica, o chanceler alemão, Olaf Scholz, também fez um apelo direto ao novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, para que faça todo o possível para evitar uma nova escalada militar.
Horas depois, as principais potências ocidentais se uniram em outro comunicado, alertando o Irã sobre as consequências que uma retaliação causaria. Para o grupo, a região precisa insistir em negociar um acordo de cessar-fogo em Gaza e liberar os reféns israelenses mantidos pelo Hamas.
Na tarde desta segunda-feira, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Keir Starmer, também telefonou para Pezeshkian, na esperança de convencê-lo a diminuir as tensões no Oriente Médio.