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‘De saudade viva/ faz ressuscitar’

Os três irmãos (Climério, Clésio e Clodo) nascidos em Regeneração Piauí, foram futurar no Sul maravilha, na verdade em Brasília, levando a viola dentro de um saco, algum dinheiro no bolso e muita poesia no coração. Disse Clodo Ferreira em uma entrevista* que

 

“Eu cheguei [em Brasília] em 1965, com 13 anos de idade. A vinda para cá foi assim, o Climério tinha vindo em 62, quando a cidade tinha só 2 anos. Ele era muito jovem e, no ano seguinte, o Clésio veio também. Meu pai veio visitá-los e tomou a decisão de não ficar longe dos filhos mais velhos, que eram dois jovens na época. Resolveu largar tudo no Piauí e trazer toda a família para cá, por causa dos mais velhos, e foi nesse contexto que eu vim para Brasília, para morar em Taguatinga, onde morei por 3 anos. Foi aí que começou minha ligação com Brasília”.

Sobre compor, na mesma entrevista ele explicou que

“O Clésio e o Climério já compunham, e eu, aos 15 anos, comecei a fazer as primeiras músicas com eles. O Climério fazia a letra muito bem e eu fazia a música para ele e, como o Clésio faz melodia muito bem, eu fazia a letra. A gente inverteu e eu descobri que podia fazer as duas coisas”.

Lá para mais adiante ainda na mesma entrevista o repórter pergunta quantas músicas ele tinha. Clodo sapeca:

“Nesses dias, alguém me pediu uma lista e eu fiz. Gravadas eu tenho 160 músicas e feitas devo ter três vezes mais do que isso, porque para cada parceiro que grava uma música eu tenho mais 12, entendeu? Não é grande coisa para quem faz isso há 50 anos. São 50 anos de insistência. Eu não estou falando isso por esnobação, não, porque quem tem esse tanto de tempo tem de ter muita música gravada, né?”.

Nesse 16 de julho de 2024 Clodo, aos 72 anos, foi compor nos campos do Senhor. Deixo os leitores e leitoras com uma de suas (dele e de seu irmão Clésio) canções mais conhecidas e belas:

Revelação

Um dia vestido
De saudade viva
Faz ressuscitar
Casas mal vividas
Camas repartidas
Faz se revelar

Quando a gente tenta
De toda maneira dele se guardar

Sentimento ilhado, morto e amordaçado
Volta a incomodar.

(*) Para ler a entrevista completa acessa <https://www.radioeixo.com.br/post/clodo-ferreira>

 

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. Pertence às academias APLA e ALVAL, é membro do IHGPI (Instituto Histórico e Geográfico do Piauí) e sócio fundador do Coletivo P2. Escreve às quintas-feiras para esta coluna.

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