Nem os solteirões da ficção deixam Santo Antônio em paz. Ele já apareceu de cabeça pra baixo em novelas e filmes, pronto para descer ao fundo do poço, se necessário, para ajudar algum personagem que invoca seu nome na busca pelo amor. Não é à toa que ele carrega o título de santo casamenteiro.
Mas entre os vários milagres atribuídos ao santo, há um que, ao que tudo indica, lhe deu o título de padroeiro dos casamentos. Segundo o frei Diogo Luís Fuitem, autor do livro “Antônio – O Santo do Povo“, uma senhora procurou Santo Antônio em Ferrara, na Itália, pedindo auxílio com o marido muito ciumento que não reconhecia o filho deles como seu. O marido ameaçava, inclusive, matar a mãe e a criança.
O santo foi até a residência do casal, tomou o menino em seus braços e perguntou à criancinha: “Quem é seu pai?” E a criança, com seu dedo, indicou balbuciando que o pai era o homem presente. Finalmente, o pai deu-se por vencido e, chorando, aceitou o menino como seu filho. Após o ocorrido, a fama de ajudar os casais fez com que o jovem fosse considerado santo casamenteiro
Além disso, há uma lenda de que, naquela época, havia mulheres que não conseguiam se casar por não terem o dote necessário para o sacramento. Santo Antônio, então, teria mobilizado as pessoas mais abastadas para arrecadar os recursos. Com esse apoio, ele garantiu que muitas mulheres pudessem se casar, concretizando o sonho do matrimônio.
A vida popular de Santo Antônio
Santo Antônio foi batizado no nascimento como Fernando. Nasceu em Lisboa, em 15 de agosto 1195, em uma família muito rica e nobre. No dia de seu batismo, sua mãe o consagrou a Nossa Senhora, e aos 19 anos ele foi para o convento de Coimbra. Sua vida foi breve, faleceu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231 — e, por isso, se diz santo Antônio de Pádua ou de Lisboa.
Conforme conta frei Diogo, aplicado e considerado muito esforçado por todos que o conheciam, Fernando entrou para a ordem de Santo Agostinho e foi ordenado sacerdote. Ainda em Coimbra, conheceu os frades franciscanos e foi cativado pela simplicidade e humildade com que viviam, despertando o desejo de ingressar nas fileiras dos seguidores de São Francisco de Assis.
Maravilhado, pediu para tornar-se missionário em Marrocos, na África. Contudo, ao adoecer, decidiu retornar a Portugal. Uma tempestade desviou o barco em que viajava, fazendo-o naufragar próximo à ilha da Sicília, no sul da Itália. Assim, acabou passando sua vida em missão no norte da Itália e no sul da França, revelando-se um homem de grande sabedoria, carismático e habilidoso.
Em Assis, na Itália, ele se encontrou pessoalmente com São Francisco e recebeu um convite para permanecer por lá para ensinar teologia e tornar-se um pregador do povo. “Vários prodígios acompanharam sua atividade como evangelizador popular a tal ponto que sua canonização foi a mais rápida da história da Igreja. Apenas 11 meses e 17 dias após sua morte, o papa Gregório 9º o declarou santo em um domingo, precisamente no dia 30 de maio de 1232″, conta frei Diogo.
Sermão aos peixes
Muitos são os milagres atribuidos ao santo. Um dos mais conhecidos é sobre a pregação aos peixes em Rimini, na Itália. Conta-se que alguns peixes saíram do mar para ouvi-lo, o que despertou o interesse e a conversão das pessoas à palavra divina.
“Estando Santo Antônio em Rimini, onde havia um grande número de hereges, e desejando conduzi-los pela luz da fé ao caminho da verdade, pregou-lhes por vários dias e raciocinou com eles sobre a fé em Cristo e nas sagradas escrituras. Eles não apenas resistiram as suas palavras, mas ficaram endurecidos e obstinados, recusando-se a ouvi-lo”, diz um trecho do livro “I Fioretti de São Francisco”.
Com informações da ACI Digital