O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adiar a viagem ao Chile devido ao desastre causado pelas chuvas no Rio Grande do Sul. O cancelamento foi confirmado nesta manhã pelo Itamaraty e ainda não há uma nova data para o compromisso.
O governo em Santiago já foi informado sobre a mudança e indicou que está pronto a repensar uma nova data para o encontro, que contaria com a presença de 400 empresários num evento organizado pela Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
O governo Lula considera que, com as chuvas das últimas horas, a previsão ée que a situação da população gaúcha piore.
O presidente, segundo interlocutores, não quer deixar espaço para ser criticado por omissão ou por não estar engajado numa resposta à crise.
A viagem estava marcada para ocorrer na quinta-feira (16). No Chile, Lula teria reuniões com o presidente Gabriel Boric. O encontro era aguardado desde o começo do governo petista.
Ambos adotaram uma agenda progressista em seus respectivos países, e a expectativa era de que um entendimento fosse logo estabelecido entre Santiago e Brasília. Contudo, as diferenças de posições em relação à situação venezuelana e em outros temas da política internacional mostraram Boric e Lula em lados opostos, inclusive ao tratar da integração sul-americana.
Na imprensa internacional, a crise no Rio Grande do Sul é considerada como um teste para Lula.
“Os assessores [de Lula] dizem que ele está perfeitamente consciente de que este pode ser o seu ‘momento Katrina’, uma referência ao furacão de 2005 que pegou o presidente dos EUA, George W. Bush, desprevenido e entrou no vocabulário global como sinônimo de fracasso de liderança em uma crise”, afirmou na semana passada a Bloomberg.
Retomada de projeto de integração regional
Ao adiar a viagem ao Chile, Lula coloca em compasso de espera seu objetivo de retomar o processo de integração regional. Uma das metas do brasileiro era a de convencer Boric a voltar para a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e, assim, reconstruir o projeto de aproximação entre os países.
No primeiro ano de governo, Lula deu prioridade para retomar os laços com as grandes potências, e a meta agora é a América Sul. Neste ano, ele já esteve na Colômbia e Guiana. Ainda neste semestre, o petista pretende visitar o Uruguai.
Além das diferenças em relação a como lidar com a Venezuela, os governos de Brasil e Chile não têm a mesma avaliação sobre a guerra entre russos e ucranianos.