Claudia Raia foi entrevistada no Roda Viva de segunda (6) e contou que seu contrato fixo com a Globo está prestes a acabar. A atriz vai deixar a emissora em julho, após 40 anos de trabalho, mas acredita que não será o fim da parceria. “É uma grande despedida para mim”, afirmou ela.
A apresentadora Vera Magalhães perguntou se a artista pensa em retomar a carreira na TV depois do fim da temporada do musical Tarsila, a Brasileira. “Tô num momento de muitas mudanças na minha vida”, explicou a convidada, que fez uma rápida participação na novela Terra e Paixão (2023).
“Meu contrato com a Globo termina em julho deste ano. Quarenta anos eu fiz em março, de Globo, ininterruptamente. É uma grande despedida para mim, de muita gratidão, muita alegria, de ter feito a minha história lá dentro. Muitas alianças eu construí, muitos amigos, muitas mãos estendidas eu tive”, valorizou a atriz de 57 anos.
“A minha formação profissional foi toda criada ali dentro, com aquelas pessoas. Sou extremamente grata aos Marinho, ao Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho], ao Daniel Filho, a todas as pessoas que me estenderam a mão, tantas coisas importantes fiz lá dentro”, afirmou.
Claudia Raia começou a carreira na Globo no humorístico Viva o Gordo (1981-1987), emendando depois papéis em novelas. “Saio para um até logo. Porque a minha história com a Globo sempre vai ser uma relação de amor, foi assim desde os meus 17 anos, quando eu entrei lá. E se encerra porque a vida está mudando, e tá tudo bem”, ressaltou.
Na sequência, a jornalista Claudia Lima perguntou qual o impacto do fim do contrato com a Globo na vida da artista. “Você acha que é mais importante ter liberdade para fazer outros espetáculos ou ter uma estabilidade no trabalho?”, indagou.
“Eu tive muita sorte na vida por ser uma atriz que teve um contrato que durou 40 anos. Por ter tido um salário por 40 anos. Isso é muito raro na nossa profissão. É uma grande sorte. Agradeço muito a Globo por ter me acolhido, ter sido minha companheira nesses anos todos. Eu não tenho motivo agora para lamentar, e sim agradecer.”
“Não é questão de estabilidade ou liberdade, é questão de momento do sistema mesmo. A Globo estava vivendo o que Hollywood vivia nos anos 1940, 1950. Não existe mais essa realidade de você ter um elenco todo contratado de 300, 400 atores. Isso é surreal, é muita gente. Não funciona mais assim”, explicou ela.
“Eles também estão entendendo o que vai ser essa maneira nova nessa nova Globo. Acho importante eles se reestruturarem de novo. Eu como produtora consigo ver esse outro lado. E não lamento em absoluto, eu acho que fiz uma carreira muito forte fora da Globo também… De produtora, em teatro, coisas que eu faço do lado de fora que me fortalecem”, afirmou.
“E eu sou uma pessoa muito criativa, tenho muitos projetos na minha cabeça e que eu realizo. Eu acho que é um momento novo para mim e para Globo. Acho que a gente vai saber manusear isso muito bem”, arrematou.
Nova fase da TV
O jornalista Gustavo Zeitel, então, perguntou sobre a audiência pulverizada da TV e questionou se a novela vai voltar a ter relevância.
“Eu tive a sorte de viver a época ouro da televisão brasileira. Eu tive a sorte de estar no Roque Santeiro [1985]. O horário do teatro era ‘após a novela Roque Santeiro’. Tudo girava em torno da novela. Isso foi uma coisa espetacular. Acho que não voltaremos mais a isso. Essa unanimidade não existe mais em nada, na verdade”, palpitou.
“[A audiência] Pulverizou, as coisas mudaram, mas a TV aberta tem seu espaço muito forte ainda no Brasil. A novela ainda sobrevive, tem um tempo de sobrevivência grande ainda. A TV aberta se mantém ainda, não com os números que existiam antes, porque agora mudou”, completou.
Claudia também comentou a escalação de influenciadores nos folhetins. “Eu acho que as prioridades mudaram… Os influenciadores, por que não? Quem sabe uma influenciadora pode ser uma boa atriz. A gente não sabe. Eu era bailarina, não era atriz. Pode acontecer. Chance é dada para todo mundo. Tem gente que dá certo, gente que não”, afirmou.
Carreira na Globo
Depois de chamar a atenção nas esquetes do Viva o Gordo, Claudia Raia conseguiu o primeiro papel numa novela como Maria do Carmo em Roque Santeiro.
Depois, atuou em O Outro (1987) e fez sucesso como Tancinha em Sassaricando (1987). Também teve participação marcante na TV Pirata (1988-1992).
Esteve ainda nas novelas Rainha da Sucata (1990), Deus Nos Acuda (1992), Torre de Babel (1998), Terra Nostra (1999), As Filhas da Mãe (2001), O Beijo do Vampiro (2002), Belíssima (2005), Sete Pecados (2007) e foi protagonista de A Favorita (2008).
Na sequência, fez Ti Ti Ti (2010), Salve Jorge (2012), Alto Astral (2014), A Lei do Amor (2016) e Verão 90 (2019). Seu último papel na Globo foi como Emmy em Terra e Paixão.