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E nem o tempo vai apagar

Eu tinha uns 6 ou 7 anos quando ouvi pela primeira vez a sua voz.

Perto de nossa casa simples, em Água Branca, havia o Bar do Luís do Jó. E o dia todo tocava na sua vitrola um disco que acabava de ser lançado, com o título de “Roberto Carlos, O Inimitável”.

A canção “E não vou mais deixar você tão só” abria o Lado A, seguida de “Ninguém vai tirar você de mim”, “É meu, é meu, é meu”, “Quase fui lhe procurar” e “Eu te amo, te amo, te amo”.

No Lado B, “As canções que você fez pra mim”, “Nem mesmo você”, “Ciúme de você”, “Não há dinheiro que pague”, “O tempo vai apagar” e “Madastra”.

Estas canções ainda rodam em minhas lembranças. Suas letras estão perfeitamente gravadas em minha memória, com exceção da última.  

Daí para frente não perdi mais o cantor de vista. Nem poderia. Seus sucessos foram crescendo de um ano para o outro.

Ou melhor, de um disco para o outro, lançando sempre no mês de dezembro.

E foram tantas as suas as canções usando formas simples pra falar de amor, que ele generosamente saiu distribuindo letras para vários outros artistas.

Aguinaldo Timóteo, Demetrius, José Roberto, Golden Boys estão entre os artistas que fizeram muito sucesso com letras exclusivas de Roberto Carlos.

A parceria com seu amigo de fé e irmão camarada Erasmo caiu no cenário musical brasileiro como a mão e a luva.

Uma foto com o Rei

Para tocar as suas canções, muito novo ainda me aventurei a aprender violão. E a primeira que arranhei foi “Quintal do vizinho”, recém-lançada.

Nos últimos 40 anos fui a quase todos os seus shows em Teresina, incluindo o último, em 7 de junho de 2018, a que compareci com minha esposa Regina, também sua fã de carteirinha, para variar.

Hoje, no seu aniversário de 80 anos, é dia de quem tem uma foto com o rei exibi-la nas redes sociais, para celebrar a data.

Apenas uma vez me encontrei com Roberto sem ser como fã. Foi no início da década de 1980.

Ele fazia uma turnê e fomos entrevistá-lo na sala vip do aeroporto de Teresina. Eu tinha a foto dessa entrevista com ele, mas ela lamentavelmente se perdeu.

Porém, mais que esse registro de imagem, vale o que ficou no coração ao longo destes 50 anos ou mais.

A simplicidade de suas letras, a beleza de suas melodias e a alma que joga em suas interpretações fizeram de Roberto Carlos um artista único.

Nenhum outro chegou tão perto e ficou por tanto tempo no coração dos brasileiros.

Revendo hoje a sua longa e bela carreira, coroada com tantas homenagens e vivendo este momento lindo, ele certamente dirá: “É muita emoção, bicho!”

Sim, para ele e também para sua numerosa legião de mais, muito mais, que um milhão de amigos.

Viva o rei!

Por Zózimo Tavares 

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