A PF (Polícia Federal) informou hoje ter encontrado 27 celulares no barco achado com nove corpos no último sábado (13) em Bragança, no litoral do Pará. Os aparelhos foram encaminhados para exames periciais no Instituto Nacional de Criminalística em Brasília.
Segundo a PF, as informações de celulares, chips e cartões de memória devem ser utilizadas para trazer indicativos sobre a identidade dos ocupantes da embarcação. A operação acontece em cooperação internacional, já que o barco tem origem da Mauritânia, país localizado no noroeste da África.
A PF concluiu ontem a perícia, mas ainda não identificou as pessoas que estavam na embarcação. Pela complexidade do caso e necessidade de informações de outros países, não há prazo para que isso ocorra. Documentos de pessoas da Mauritânia e do Mali estavam entre esses objetos.
Por conta da falta de prazo, os corpos serão temporariamente sepultados em Belém, até que as identidades sejam descobertas, e as famílias das vítimas sejam comunicadas.
Também ontem, agentes da PF e da Polícia Científica do Pará finalizaram a perícia na embarcação e em todos os pertences, como vestes e objetos encontrados no barco —entre eles, as 25 capas de chuva que serviram como base para definir o número de pessoas que devem ter saído da África.
Os corpos e materiais passaram por:
- Exames radiológicos;
- Análise de vestimentas, pertences, documentos e adereços;
- Exame médico-legal, com coleta de material de DNA;
- Exame odontolegal;
- Exame necropapiloscópico (das impressões digitais);
Os dados foram enviados para os institutos Nacional de Criminalística e Nacional de Identificação da Polícia Federal, com apoio da Interpol e organismos internacionais.
A PF acredita que a causa da morte dos africanos foi fome e sede pelo tempo de viagem. A principal hipótese dos investigadores é que o barco tenha saído da Mauritânia com destino às Ilhas Canárias, na Espanha.
A Marinha afirmou que o barco foi encontrado sem motor, leme ou vela — ou seja, sem qualquer mecanismo de propulsão. Além disso, a embarcação parece ter sido feita de forma artesanal, em fibra de vidro, e não tinha sistema de controle e navegação.