Alimentos ultraprocessados são produtos cuja fabricação passa por várias etapas de processamento industrial, resultando em mercadorias altamente modificadas e geralmente contendo aditivos, conservantes e ingredientes sintéticos. Exemplos comuns incluem refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas, cereais matinais açucarados, itens congelados pré-preparados, sopas enlatadas, fast food e muitos outros prontos para consumo.
Uma pesquisa publicada em fevereiro desse ano na British Medical Journal (BMJ), uma das revistas médicas mais respeitadas e influentes do mundo, revelou que esses alimentos estão diretamente ligados a 32 efeitos prejudiciais à saúde, incluindo doenças cardíacas, câncer, diabetes tipo 2, saúde mental adversa e morte precoce. Pesquisadores cruzaram dados de diversos estudos conduzidos ao longo dos últimos anos e feitos com quase 10 milhões de pessoas.
“Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, um dos os 10 passos para uma alimentação saudável recomenda priorizar os produtos in natura em detrimento dos industrializados. Além disso, para a prevenção do câncer e no momento do tratamento, é sempre indicado que esses últimos sejam excluídos da dieta, pois podem favorecer a multiplicação de células tumorais. Outro ponto para se ter atenção em relação aos ultraprocessados é a adição de substâncias químicas como acidulantes, emulsificantes, substâncias com um limite tolerável dentro do processo de fabricação, porém não são fontes de nutrientes, então elas podem se acumular no organismo e trazer vários malefícios para o corpo”, comenta a professora do curso de Nutrição da UNINASSAU Aliança, Ivânia Thauany.
A lista de enfermidades causadas pelos ultraprocessados varia de problemas cardiovasculares e disfunções respiratórias até o aumento em 48% das chances de desenvolver ansiedade e transtornos mentais. Isso porque, apesar de atraentes, eles são desbalanceados nutricionalmente e, geralmente, ricos em gorduras, açúcares ou sódio. O uso de corantes e nitratos também é comum nesse tipo de alimento, o que acaba prejudicando a saúde física e psicológica.
“Uma grande exposição a alimentos ultraprocessados foi associada a um maior risco de resultados adversos à saúde, especialmente indicadores relacionados à saúde cardiovascular e metabólica negativos, transtornos mentais comuns e mortalidade precoce”, diz o estudo. Por esse motivo, muitos especialistas recomendam limitar a ingestão deles em favor dos frescos e minimamente processados, como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras.
“Optar por alimentos in natura, ou minimamente processados, garante uma ingestão mais equilibrada de nutrientes essenciais para o corpo, além de contribuir para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Portanto, ao priorizar essas comidas frescas e saudáveis, estamos investindo na nossa vitalidade e bem-estar a longo prazo”, alerta a também professora do curso de Nutrição da UNINASSAU Aliança, Marilene Magalhães de Brito.
A pesquisa conclui que essas descobertas fornecem uma justificativa para desenvolver e avaliar a eficácia do uso de medidas populacionais e de saúde pública para direcionar e reduzir a exposição a ultraprocessados. O estudo também informa e fornece apoio para pesquisas mecanicistas, visando melhorar a qualidade de vida humana.